_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Davos adverte

Protecionismo e desigualdade: principais riscos para a economia

O presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum Econômico Mundial.
O presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum Econômico Mundial.MICHEL EULER (AP)

Independentemente das opiniões a respeito do encontro anual convocado pelo Fórum Econômico Mundial em Davos, nesse evento são apresentados alguns relatórios que merecem atenção. O relativo aos riscos globais (Global Risks Report) não é o mais antigo, mas é o mais vinculante, especialmente para as empresas com projeção internacional. Há 12 anos, ele identifica os fatores de risco mais relevantes e suas interconexões. Nesta edição, o documento destacou três tendências como as principais ameaças à estabilidade global: a desigualdade econômica, a polarização social e os perigos ambientais. Ainda que de forma menos documentada, nesta edição também figuram outros riscos importantes, como os derivados do enfraquecimento da coesão europeia e os associados à realização dos enunciados com os quais Donald Trump chegou à Presidência de seu país. Em particular, a intensificação do protecionismo e, inclusive, o desencadeamento de uma guerra comercial com China.

O grande paradoxo que o encontro nos deixa é a defesa da dinâmica da globalização, feita pelo dirigente chinês, Xi Jinping, contra os ventos protecionistas e nacionalistas que se estendem dos EUA à Europa. O fato de um secretário-geral do Partido Comunista se transformar no paladino do livre-comércio mostra a incapacidade da classe política das economias avançadas de renovar a ordem econômica surgida da Segunda Guerra Mundial. A defesa do multilateralismo, das organizações supranacionais que devem arbitrar na governança econômica global, foi feita por um “recém-chegado”. Essa tomada de posição das autoridades chinesas fortalece suas credenciais como líderes na cena global, acentuando o deslocamento do centro de gravidade da economia mundial para a Ásia, ao mesmo tempo em que se questiona a vigência das organizações multilaterais dominadas historicamente pelos EUA e a União Europeia (UE). O impulso ao Banco Asiático de Desenvolvimento é só um dos expoentes dessa redefinição de influências.

Mais informações
Guerra às notícias falsas
Um ‘Brexit’ extremista
Trump contra a Europa
Teimosia venezuelana

A outra grande advertência vinda de Davos diz respeito à extensão da desigualdade. Foi a diretora-gerente do FMI que recordou sua advertência a esse respeito na edição do ano passado. Os vínculos entre a distribuição desigual de renda e riqueza, por um lado, e a instabilidade social e política, por outro, acentuam as exigências de orientar as políticas econômicas para uma maior proteção dos mais fracos. Isso significa, em primeiro lugar, adequar as políticas a um ambiente econômico ainda influenciado pela seriedade da crise. O anêmico crescimento econômico, sobretudo na UE, continua aconselhando políticas econômicas que compensem a ausência de investimentos privados e que sejam criadoras de emprego suficiente e de qualidade, fortalecedoras da coesão social, que neutralizem a fraqueza das trocas internacionais e, acima de tudo, contribuam para frear a falta de deslegitimação do sistema econômico. Essa é a advertência que sintetiza os temores que emergiram nessa reunião da elite do capitalismo global.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_