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Encontrado o segundo maior meteorito do mundo no norte da Argentina

A rocha pesa 30 toneladas e foi achada na zona de pesquisa astronômica de Campo de Cielo

Uma equipe de pesquisadores da Associação de Astronomia da província do Chaco, no norte da Argentina, achou um meteorito em uma área chamada de Campo de Cielo (campo do céu), que há 4.000 anos recebeu uma chuva de rochas metálicas. O fragmento pesa 30 toneladas, magnitude que o torna o segundo maior do mundo, antecedido pelo meteorito de Hoba, encontrado em 1920 na Namíbia, com um peso que superava 60 toneladas.

O meteorito Gancedo, como foi batizado pela equipe de pesquisadores, em referência ao município onde foi achado, teve certas complicações no momento de ser extraído porque o poço onde a rocha repousava tinha uma grande quantidade de água.

“Uma das coisas que dificultaram a extração dessa peça foi que as escavações ficavam inundadas. O meteorito estava em um setor muito baixo do terreno e há uma lagoa perto. Por esse motivo, pesquisas prévias foram adiadas, mas desta vez contamos com equipamentos que permitiram retirar a água, e isso facilitou o trabalho para chegar à base do meteorito”, disse a EL PAÍS Mario Vesconi, presidente da Associação de Astronomia do Chaco.

A origem do meteorito de Gancedo remonta a 4.000 anos, quando um asteroide de 600 a 800 toneladas impactou na atmosfera

O grupo de pesquisadores calculava que se tratasse de uma grande rocha, mas não pensaram que ia ter um peso de 30 toneladas. “Pelos estudos magnéticos prévios é possível saber se há algo importante, mas não se conhece nem o tamanho nem o peso. Só se pode saber se o objeto está em cima ou mais enterrado. Foi uma surpresa porque até mesmo sua dimensão supera a do meteorito do Chaco, de 28 toneladas, que até este achado era o maior que havíamos encontrado na Argentina”, explica Vesconi.

A origem do meteorito Gancedo remonta a 4.000 anos, quando um asteroide de 600 a 800 toneladas se chocou com a atmosfera. A fragmentação dessa rocha gigante provocou uma chuva de pedaços que se dirigiram à divisa das províncias do Chaco e Santiago del Estero, no norte da Argentina, abrindo trinta crateras. Este lugar tem o nome de Campo de Cielo e é um dos rincões terrestres mais importantes em pesquisas astronômicas. A rocha recentemente extraída é conhecida como siderito (meteorito metálico) e possui 92% de ferro e de 6% a 7% de níquel.

O maior meteorito do mundo é o de Hoba. Esta rocha, que também é um siderito, foi encontrada na Namíbia e supera em peso o Gancedo. No entanto, este grande asteroide não se fragmentou e teve um impacto de massa única. “A diferença entre ambos é que o que temos em Campo de Cielo é produto da fragmentação de um meteorito em queda, que acaba produzindo um campo de crateras. A soma dos meteoritos que caíram em solo argentino supera o da Namíbia, mas em massas com uma única origem o de Hoba continua sendo o primeiro no ranking”, argumenta Vesconi.

A fragmentação dessa rocha gigante provocou uma chuva de asteroides que se dirigiram à divisa das províncias do Chaco e Santiago del Estero, no norte da Argentina, abrindo trinta crateras

O Gancedo foi transferido para a reserva natural de Campo de Cielo para ser exposto. A pesquisa, porém, está sendo realizada na cratera onde foi achado, com a finalidade de recolher informações sobre a estrutura original do asteroide de 4.000 anos atrás. Com isso os pesquisadores tentam conhecer os ângulos, velocidades e o desenvolvimento de energia contínua que o meteorito teve.

O diretor de gestão do Planetário da Cidade de La Plata, Diego Bagu, explicou a este jornal que o achado é muito importante para compreender a conformação do sistema solar: “Os meteoritos são como cápsulas do tempo porque contêm os mesmos materiais que formaram o sistema solar. Um meteorito que entra no planeta Terra é afetado porque não fica intacto, a incineração ao entrar na atmosfera provoca uma mudança, mas não deixam de ser corpos do sistema solar atraentes para a ciência estudar”.

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