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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Volkswagen contra a Europa

A marca tratou de forma muito desigual seus clientes europeus em comparação com os norte-americanos

Emblema da Volkswagen na porta de uma concessionária na Austrália.
Emblema da Volkswagen na porta de uma concessionária na Austrália.David Gray (REUTERS)
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Há um ano ficou conhecido o escândalo do dieselgate, a fraude ambiental cometida pela gigante automobilística Volkswagen em que acabaram envolvidos mais produtores. Foi uma manipulação do controle eletrônico de seus veículos para falsificar as emissões de gases poluentes, para que não atingissem os limites legais.

A fraude levou à queda da cúpula da empresa, custou bilhões de euros e gerou uma forte crise de imagem, disputas intermináveis com os usuários, problemas em diferentes instâncias políticas e numerosos processos judiciais.

Após a reação inicial insuficiente e pouco ágil, a empresa entendeu a necessidade de responder com transparência e diálogo, algo positivo para a marca, a indústria e o emprego. Mas existem diferenças entre o bom tratamento dispensado aos usuários dos EUA e o usado com os europeus.

Este ano a empresa chegou a um acordo com a maioria dos proprietários dos EUA – aprovado provisoriamente pelos tribunais – através do qual vai indenizar 450.000 deles com 14,7 bilhões de dólares (a uma taxa de entre 5.000 e 10.000 dólares per capita), adicionais à cobertura da reparação. E está prestes a concluir um acordo com o Governo dos Estados Unidos sobre a multa a ser paga para contornar as consequências penais.

Na Europa, quer cobrir apenas a reparação. A razão para não indenizar (que a depreciação do valor dos veículos é menor aqui) é fraca. O Bundestag e o Parlamento Europeu estão sendo as entidades mais exigentes. Os Executivos, o Governo alemão e a Comissão Europeia se arrastam em investigações longas e confusas.

No Velho Continente deveria existir o nível automático de proteção do consumidor, a rapidez judicial e uma procuradoria-geral como a dos EUA. Assim, os clientes europeus da VW provavelmente teriam recebido o mesmo tratamento.

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