_
_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Indicação absurda

Espanha deve ser representada com profissionalismo e exemplaridade, se quiser se afastar da sombra da corrupção

José Manuel Soria.
José Manuel Soria.PEDRO ARMESTRE (AFP)

Na sexta-feira à noite, minutos depois do fracasso da votação de posse de Mariano Rajoy, o Governo anunciou a designação de José Manuel Soria como candidato a diretor-executivo do Banco Mundial. É uma ação que contradiz seus compromissos de regeneração e que prova sua falta de sensibilidade em temas relacionados à ética política. Soria, que precisou deixar o ministério da Indústria depois de ter sido salpicado pelos Panama Papers, é o pior cartão de apresentação de um governo e de um partido que quer convencer os espanhóis e a comunidade internacional de que existe uma mudança na luta contra a corrupção.

Mais informações
Rajoy fracassa de novo e Espanha se encaminha para novas eleições
Espanha fracassa mais uma vez em tentativa de formar Governo. Entenda
Tudo por resolver

Enquanto com uma mão Rajoy aceitou as condições de Albert Rivera, incluindo um “endurecimento do regime de incompatibilidades depois da demissão” e uma exclusão dos acusados de corrupção, com a outra estava preparando o destino de um ex-ministro que, apesar de não estar processado, foi forçado a renunciar depois das incoerências que demonstrou ao aparecer nos Panama Papers. As razões que serviram para expulsá-lo há cinco meses, estão em vigor. O PP também fez algo a que, infelizmente, estamos habituados: justificar a sua decisão como se sobrassem razões óbvias e o questionamento fosse estranho ou mal-intencionado.

Houve um momento em que a Espanha esteve dignamente representada nos fóruns internacionais, mas a decadência que começou com a renúncia de Rodrigo Rato no FMI ou a demora de Magdalena Álvarez em deixar o BEI depois de ser salpicada pelo caso ERE, não será resolvida com um ex-ministro manchado pelo escândalo. A Espanha deve recuperar a presença que merece, mesmo neste momento de fraqueza aprofundada pela ausência internacional de Rajoy. E deve ser representada com profissionalismo e exemplaridade se quiser se afastar da sombra da corrupção que, com razão, nos persegue.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_