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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Não vencerão

Jihadismo deve ser combatido em todas as frentes. Não vamos conceder-lhes a vantagem do abatimento

Vítimas do atentado da quinta-feira em Nice.
Vítimas do atentado da quinta-feira em Nice.Alberto Estévez (EFE)

O brutal atentado jihadista da noite de quinta-feira em Nice nos coloca diante da evidência de que o radicalismo islâmico nos declarou uma guerra mortal e sem tréguas. Essa guerra é combatida em duas frentes igualmente importantes nas quais será necessário um grande esforço durante longo tempo para conseguir vencer o projeto totalitário que representa.

De um lado está a frente convencional. É a guerra travada na Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia, Iêmen e o Sahel, onde o jihadismo sob diferentes denominações — ainda que a mais conhecida nesse momento seja o autoproclamado Estado Islâmico — impõe um regime de terror e crueldade inconcebíveis para todas as pessoas de bem. É uma frente na qual o jihadismo controla um território e está organizado tanto civil como militarmente. Nela a ação militar das forças locais treinadas por Exércitos ocidentais — entre eles o espanhol — e apoiadas diretamente como faz a Rússia na Síria está começando a dar seus frutos provocando a perda de território e — algo talvez mais importante — de credibilidade propagandística de um movimento que engana seus futuros adeptos prometendo uma invulnerabilidade quase sobrenatural. O direito à legítima defesa amparado pela legalidade internacional outorga aos países atacados e ameaçados pelo radicalismo violento — a maioria deles muçulmanos — o direito a utilizar todos os meios necessários para acabar com essa ameaça global. É preciso perseverar, pois, nessa estratégia e cooperar em larga escala com nossos vizinhos e aliados.

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A segunda frente, interna, é menos convencional, mais difusa e, portanto, mais difícil de se combater, mas igualmente fundamental no momento de derrotar o jihadismo. É o que se começou a definir como jihadismo urbano, caracterizado pela ação dos chamados lobos solitários, em que os terroristas são frequentemente pessoas dificilmente detectáveis pelas forças de segurança até que ajam e os objetivos de sua loucura criminosa são especialmente vulneráveis: famílias vendo fogos de artifício, jovens em locais de festa e passageiros em estações e aeroportos, entre outros.

É uma frente na qual é preciso agir com a mesma firmeza, utilizando todos os instrumentos permitidos pelo Estado de direito. Não se deve perder de vista que a prevenção é quase tão importante quanto a reação. Ainda que atentados como o ocorrido em Nice sejam difíceis de se prevenir, as forças de segurança e os serviços de inteligência devem estar capacitados para detectar a radicalização que pode ocorrer em determinados grupos, tanto físicos como na Internet, e evitar que o jihadismo consiga adeptos e estenda sua ideologia assassina. Também é fundamental a cooperação internacional, especialmente no âmbito da União Europeia, pois esse fenômeno, que não conhece fronteiras, se aproveita de sua porosidade. Os jihadistas querem o abatimento e a paralisia de nossas sociedades. Não vamos lhes conceder essa vantagem. Vamos superar o estupor e começar a agir.

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