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Mau resultado do Podemos põe em xeque sua estratégia eleitoral

Unidos Podemos, uma aliança entre o partido de Pablo Iglesias e a Esquerda Unida, conseguiu 71 deputados, ficando em terceiro lugar

O líder do Podemos, Pablo Iglesias, neste domingo.Foto: reuters_live | Vídeo: BERNARDO PÉREZ / QUALITY

Pablo Iglesias não conseguiu. O candidato da frente Unidos Podemos, a coalizão de esquerda que o líder desse grupo e sua equipe insistiram em formar, apesar da resistência de seu número dois, Íñigo Errejón, não teve o apoio que esperava. Não conseguiu se transformar em uma alternativa ao Partido Popular (PP) e, principalmente, ficou muito longe do almejado sorpasso, a “ultrapassagem” sobre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) que já era dada quase como certa em sua coalizão. A aliança com a Esquerda Unida (IU) valeu a Iglesias, com suas candidaturas territoriais, apenas duas cadeiras a mais do que nas eleições de 20 de dezembro. Sua estratégia foi posta em xeque neste domingo.

“Esperávamos resultados diferentes. É o momento de refletir.” Essas foram as primeiras palavras de Iglesias, que, apesar de tudo, negou-se a pronunciar a palavra “fracasso” e insistiu que “a confluência se revelou como o caminho correto do ponto de vista da responsabilidade de Estado”. “Estamos para assumir a responsabilidade, mas acredito que temos muito futuro neste país”, considerou.

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O resultado deste domingo, no qual a frente Unidos Podemos conseguiu 71 deputados, invalida nitidamente a estratégia de sua liderança, principalmente a tese de Iglesias e do líder da IU, Alberto Garzón. A coalizão, impulsionada há dois anos e meio pela ideia da transversalidade, tentou durante toda a campanha eleitoral se equilibrar entre sua identidade e o legado da federação de esquerda. A aliança deu lugar a uma soma de mensagens de difícil acolhida e compreensão para os eleitores, o que se traduziu no comício de encerramento em uma exaltação do conceito de pátria e uma defesa do Partido Comunista.

“Estes resultados não são bons, não são o que esperávamos”, assinalou também Íñigo Orrejón, diretor de campanha. “Não são bons para a confluência Unidos Podemos e não são bons para a Espanha. Demonstramos que nosso espaço político se consolida, mas também que às vezes estes processos não ocorrem nem de forma linear nem da forma que gostaríamos”, acrescentou o dirigente.

Para o Unidos Podemos e suas candidaturas na Catalunha, Valência e Galícia, a única incógnita destas eleições era se eles conseguiriam ultrapassar o PSOE. O candidato da aliança se uniu ao líder da UI com o único objetivo de obter mais votos nas circunscrições menores, conseguir as cadeiras que estiveram a ponto de conquistar nas eleições de dezembro e tentar, assim, superar Sánchez para lhe oferecer um Governo de coalizão em condições de superioridade.

Todo esse plano foi por água abaixo. A frente Unidos Podemos também não conseguiu ultrapassar o PSOE em número de votos. Durante toda a campanha, os porta-vozes da aliança repetiram a mensagem de que o total de votos valeria mais que o de deputados para ter uma posição de força nas negociações. A liderança do Podemos sempre deu como certo que somando seus mais de cinco milhões de votos obtidos em dezembro e os 900.000 da Esquerda Unida, superaria o PSOE. Mas a aliança não conseguiu alcançar suas expectativas nem mesmo quanto à soma desses votos.

Iglesias escreveu a Sánchez para felicitá-lo e manteve sua disponibilidade para o diálogo, mas evitou insistir na possibilidade de formar um Governo de coalizão com os socialistas.

O Podemos chegou a estas eleições depois de seis meses de bloqueio no Congresso, após se opor prontamente a que Sánchez fosse encarregado de formar um Governo, e com as relações com o PSOE muito deterioradas. A estratégia do partido, que desde o início se propôs a disputar com os socialistas a hegemonia sobre a esquerda, teve de encarar novamente um paradoxo: Iglesias não abandonou em nenhum momento da campanha eleitoral o discurso da “mão estendida”, mas ao mesmo tempo se esforçou para demonstrar que o secretário-geral do PSOE não deixou de ser seu principal rival nas urnas.

Nesse contexto, ele tentou, dia após dia, redobrar a pressão para que Sánchez se definisse em relação aos acordos pós-eleitorais, apropriou-se do patrimônio simbólico da social-democracia e até defendeu José Luis Rodríguez Zapatero como o melhor presidente da era democrática. Depois de tudo isso, terminou a campanha com a promessa de “facilitar” o caminho para Sánchez a partir das eleições deste domingo. Isso também não funcionou.

O resultado forçará também uma análise da estratégia traçada por Orrejón. Nas últimas duas semanas, ele só participou de metade dos grandes comícios, procurando se concentrar nos debates, nas entrevistas e nas aparições na televisão, o que é uma anomalia em campanhas eleitorais. Na campanha, Errejón pediu o “voto em família” e um “pacto entre gerações” em busca do apoio dos eleitores maiores de 50 anos, um dos calcanhares de aquiles da frente Unidos Podemos, que é mais popular entre os jovens e nas grandes cidades.

Alberto Garzón, depois do resultado.Foto: reuters_live | Vídeo: QUALITY

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