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A 11.ª taça estava a 11 metros

O Real Madrid resiste puxado por Casemiro. O Atlético se aferra às pernas de Carrasco. Quem decide é Cristiano Ronaldo, de pênalti

Faustino Sáez

Durante grande parte da noite deste sábado, Milão se pareceu à Lisboa da final de 2014, mas ao contrário. O Real Madrid saiu na frente, o Atlético empatou no segundo tempo, quando desabavam fisicamente os merengues, e veio a prorrogação, reduto dos sonhos e angústias. O Real resistiu puxado por Casemiro, o Atlético se aferrou às pernas de Carrasco, mas ninguém conseguiu tirar o empate do placar − e a glória foi definida da marca dos 11 metros. Na cobrança de pênaltis, Milão se pareceu totalmente a Lisboa. Cristiano Ronaldo marcou o gol de pênalti que pôs fim ao drama e o Real Madrid voltou a abrir o Olimpo para acrescentar a Orejona (“orelhuda”), sua 11.ª taça da Champions League em 14 finais.

Cristiano Ronaldo cobra o pênalti que dá o 11.º título ao Real Madrid.
Cristiano Ronaldo cobra o pênalti que dá o 11.º título ao Real Madrid.PIERRE-PHILIPPE MARCOU (AFP)
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As atuações no estilo Super Bowl de Alicia Keys e Andrea Bocelli atrasaram o início da final e transformaram o túnel dos vestiários em um divã. Da mistura de tensão, responsabilidade, concentração, desejos e recordações, saiu melhor para o gramado o Real Madrid. Já os jogadores de Simeone começaram tensos e demoraram meia hora para reconhecer a si mesmos. Aos 15 minutos de jogo, os merengues encontraram o gol. Seis minutos depois, os colchoneros do Atlético tiveram outro balde de água fria com o pênalti cobrado por Griezmann no travessão. Houve tempo para o empate do Atlético, mas o ganhador da loteria acabou sendo o Real. Sua primeira vitória no estádio San Siro veio no melhor momento.

Keylor Navas e Oblak, protagonistas episódicos. Oblak, o goleiro do Atlético, protagonizou o primeiro lance importante da final quando, aos seis minutos, desviou com a perna esquerda, em cima da linha do gol, o chute à queima-roupa de Benzema, após uma falta cobrada por Bale. Uma exibição de reflexo que ele não pôde repetir no gol de Ramos, de novo a um palmo da linha do gol. Já o costa-riquenho Navas, do Real, não gastou suas luvas nem na cobrança de pênalti de Griezmann. Um protesto tático, que lhe valeu cartão amarelo, e sua dança latina de trave a trave provocaram, isso sim, dúvidas no técnico francês. Aos 25 minutos do segundo tempo, Oblak voltou a ser um gigante. Primeiro, transformou-se na muralha na qual Benzema acertou o chute que poderia ter definido o jogo. Depois, defendendo um chute sem potência de Cristiano Ronaldo. E, mais tarde, neutralizando uma ameaça dupla do português e de Bale. Um minuto depois, veio o empate do Atlético.

Sergio Ramos repete o gol e o título. O herói da Décima Conquista da Champions aumentou sua lenda adiantando o relógio. Dos 48 minutos do segundo tempo de Lisboa aos 15 minutos do primeiro em Milão; de uma cabeçada milagrosa a um toque sutil em impedimento na disputa com Savic. Depois do gol teve o trabalho de conter o adversário com Pepe. A influência dos zagueiros do Real cresceu conforme a pressão do Atlético se transformava em assédio. Savic e Godín viram Benzema ser substituído, Cristiano Ronaldo mancar e as pernas de Bale fraquejarem. Enquanto isso, Sergio Ramos e Pepe tiravam água ao mesmo tempo em que o dique branco se despedaçava muscularmente. Chegaram aos pênaltis. Conquistaram seu objetivo.

Laterais de cor vermelha e branca. Os laterais foram os melhores do Atlético no primeiro tempo. As disparadas firmes de Filipe pelo lado esquerdo permitiram à equipe de Simeone se livrar do domínio do Real e de seu próprio medo. A primeira chegada com perigo vermelha e branca foi um cruzamento de Filipe e uma finalização de Juanfran. Os dois estabeleceram uma forma de jogar e suas chegadas à frente alteraram o ritmo da partida após a meia hora inicial de controle branco. Carvajal precisou ajudar a defesa e Marcelo quase não foi ao ataque. Aos cinco minutos do segundo tempo, mancando e aos prantos, o madridista foi substituído por contusão. Perdeu o restante da final e talvez a Eurocopa. Danilo dissimulou seu naufrágio com a vitória e Juanfran ficou com a infelicidade do erro decisivo.

Do governo de Casemiro ao machado de Carrasco. A presença de Casemiro como força defensiva no meio de campo do Real Madrid foi a base da contenção de sua equipe. Imperial na partida, sempre consistente, fundamental até o fim. Roubou, marcou território, liberou Modric e Kroos, pressionou a saída de bola do Atlético e governou o primeiro tempo com autoridade. Sua força física e marcação anularam a aposta de quatro meias de Simeone que, ao voltar dos vestiários, colocou Carrasco, mudou o esquema para o 4-1-4-1 e partiu ao ataque contra o Real. O ex-jogador do Mônaco substituiu Augusto, soltou sua equipe e deu um baile em Danilo, mais Secretario (ex-jogador do Real Madrid) do que nunca. Sua atuação manteve a fé vermelha e branca.

Cristiano Ronaldo, do anonimato ao chute final. Seu grito de guerra ecoou no San Siro. Como na Décima Conquista do Real, seu torso foi o pôster do campeão. Bale começou dinâmico e vertical, mas acabou sem gás com o passar do tempo. O galês monopolizou os primeiros ataques, cobrou faltas com perigo e desviou a bola que Sergio Ramos colocou nas redes. Sua parceria funcionou melhor com Benzema, inconstante, mas incisivo, do que com Cristiano Ronaldo, desafinado, isolado e sem condições físicas. Os pênaltis deram ao português a ocasião de adicionar a terceira Champions a sua coleção. A Décima Primeira estava a 11 metros.

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