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Multa expulsa alunos da Assembleia de SP, mas eles prometem voltar

Secundaristas ocupavam a Assembleia desde terça-feira. PM remove estudantes de centro Paula Souza

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Uma multa de 30.000 reais tirou os estudantes do plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo após três dias de ocupação. A saída aconteceu por volta das 15h40 desta sexta-feira. Aconteceu sem sobressaltos e acompanhada de perto por alguns familiares e um grupo de policiais militares. Os secundaristas protestavam desde terça-feira pela criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Merenda, para apurar um escândalo de superfaturação que envolve o Governo Geraldo Alckmin,  mas teriam que pagar multa individual de 30.000 reais por dia, que seria assumida por seus pais, já que são menores de idade, caso continuassem na Assembleia depois das 16h45. Pouco antes de deixar o plenário, os ocupantes limparam a sala e organizaram o local. Assim que saiu do prédio, com rosas brancas nas mãos, o grupo formado por cerca de 50 pessoas leu um pronunciamento para dizer que sai vitorioso e garantir que os protestos vão continuar. Os estudantes prometem voltar na segunda-feira para pressionar pela criação da CPI.

Mais cedo nesta sexta-feira, outra ocupação foi esvaziada, só que pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Os secundaristas que ocupavam desde o dia 28 de maio a sede administrativa das Escolas Técnicas do Estado de São Paulo foram retirados à força do local. Em relatos divulgados nas redes sociais, alguns ocupantes disseram que houve truculência por parte dos policiais. Imagens feitas por redes de televisão mostraram que alguns alunos foram puxados pelo braço e outros foram arrastados. Por volta das 6h50, o complexo foi totalmente desocupado.

Estudante lê pronunciamento após sair da Alesp.
Estudante lê pronunciamento após sair da Alesp.Gustavo Moniz (EL PAIS)

Os dois episódios fazem parte da recente mobilização dos secundaristas contra o Governo Alckmin. O grupo, que no passado protestava contra a reorganização escolar que fecharia cerca de 90 escolas, agora reivindica principalmente a melhoria na merenda oferecida e a apuração do escândalo de desvios nas compras de alimentos para os estudantes. O esquema é investigado pela Operação Alba Branca e tem como um dos implicados o presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), além de integrantes e ex-integrantes da Secretaria de Educação estadual.

Sem assinaturas e oposição

A proposta para criação da CPI da Merenda está na Alesp desde janeiro, mas apenas 25 deputados são a favor _o Governo Alckmin tem ampla maioria na casa. Os estudantes esperavam que a pressão dentro da Assembleia atraísse pelo menos mais sete assinaturas para que fosse atingido o número necessário de 32, o que não deve acontecer por enquanto. Políticos de oposição se uniram aos estudantes, num movimento para aumentar o desgaste de Alckmin. O deputado Carlos Gianazzi (PSOL) falou que sua bancada vai obstruir a partir de segunda-feira todas as votações na Casa enquanto a CPI não for instalada. Do lado de fora da Alesp, a vereadora Leci Brandão acompanhava a saída dos estudantes e abraçava parte deles. "Eles saíram vitoriosos, pela porta da frente e mostraram que a luta pela democracia está mais viva do que nunca".

Em entrevista coletiva logo após a desocupação, Capez (PSDB), assim como tem feito o governador Alckmin, ligou o movimento aos partidos de oposição e falou que há um uso político das manifestações por causa do impeachment de Dilma Rousseff. Apesar de não haver assinaturas suficientes para uma CPI, Capez promete que dará andamento ao processo. “Vamos continuar o trabalho que estava sendo feito até terça-feira e que foi interrompido”. Porém, fez questão de minimizar o impacto da ocupação. “Não pode parecer que a invasão levou às assinaturas”.

O presidente da Assembleia, que nega envolvimento no escândalo da merenda, chamou os secundaristas de invasores e disse que será feita uma perícia para avaliar se alguma coisa foi quebrada. Ele defendeu o valor da multa aos estudantes dizendo que “foram identificados quatro computadores Apple avaliados em 20.000 reais” sob posse dos manifestantes e que alguns ocupantes chegaram de carro blindado na ocupação. “É um grupo heterogêneo, digamos”. Sobre o retorno dos estudantes na semana que vem, o presidente disse que serão tomados os cuidados necessários para que não aconteçam mais invasões: "Lugar de protestar é na galeria".

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