_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Confusão na Grécia

Europa começa a aplicar as medidas para conter fluxo de refugiados

Refugiados e migrantes procedentes da ilha de Lesbos.
Refugiados e migrantes procedentes da ilha de Lesbos.YANNIS KOLESIDIS (EFE)
Mais informações
A cultura se compromete com os refugiados
Paradoxos e hipocrisias sobre a dramática história dos refugiados
Caos e improviso na Grécia no primeiro dia do acordo migratório entre UE e Turquia

As medidas acordadas na semana passada pela União Europeia e a Turquia para tentar conter a crise migratória não poderiam ter um pontapé inicial mais desolador. Se o objetivo era conter de uma só vez a onda de desembarques na Grécia pela rota do mar Egeu, não há como negar que o resultado foi decepcionante. A principal porta de entrada para o território comunitário continua sendo um local de fácil passagem. No domingo, primeiro dia de entrada em vigor do ambicioso pacto, quase mil pessoas chegaram às ilhas gregas sem que o sistema grego de vigilância do litoral e a Frontex, a agência europeia de controle, conseguissem evita-lo.

Desde o ano passado, um milhão de migrantes irregulares entraram na Grécia por via marítima. Será difícil frear da noite para o dia a ininterrupta avalanche humana e parece ilusório acreditar que o acordo entre Bruxelas e Ankara conseguirá extinguir o tráfego de botes de borracha carregados até o limite com pessoas que fogem da guerra da Síria ou da situação se insegurança do Iraque. O caos e a improvisação que marcaram o início da aplicação dos acordos anti-imigração expuseram as dificuldades de uma tarefa gigantesca que o governo de Alexis Tsipras não tem condições de enfrentar sem um apoio firme – e não apenas no aspecto econômico — dos membros da União Europeia.

A Grécia ainda registra em seu território quase 50.000 refugiados e imigrantes, grande parte deles recolhidos em campos que carecem das mais elementares condições de vida. Do outro lado do Mediterrâneo, muitos dos que embarcaram, ludibriados pelas máfias que organizam e cobram por seu transporte, ignoram que a fronteira foi fechada e empreendem uma viagem que agora passou a ser, irremediavelmente, de ida e volta.

O desafio se mostra maior ainda quando se leva em conta que não se trata apenas de organizar de modo rápido e eficaz as expulsões, mas também de mostrar a mesma energia no momento de administrar as entradas legais de refugiados a fim de cumprir o essencial do acordo fechado entre os Vinte e Oito e o Governo turco. O esquema “um por um” implica que, para cada pessoa expulsa, será facilitada a realocação na UE de um solicitante de asilo, dentre os milhares de sírios que aguardam na Turquia a documentação necessária para se instalar na Europa legalmente.

Colocar em prática o acordo que visa o retorno dos migrantes – inclusive os refugiados — que entram na Grécia sem documentação exige organização e meios, e a imagem de caos projetada pela gestão inicial do processo por parte da UE é preocupante. A Comissão Europeia estima que que, para levar a cabo essas devoluções expressas, será necessário mobilizar vários milhares de especialistas, entre eles juízes, advogados e policiais. Trata-se, antes de mais nada, de garantir que o processo conte com todas as garantias. No afã de expulsar os migrantes, seria uma imprudência fazê-lo indiscriminadamente, mandando de volta a seus países perseguidos políticos cujas vidas sejam colocadas em risco fora do refúgio europeu.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_