O Irã começa a mudar
Os bons resultados das teses de Rohani nas eleições do Irã abrem uma porta para a esperança de mudança
Os resultados obtidos em Teerã pelos setores mais abertos autorizados a se apresentar às eleições ao Parlamento mostram um respaldo do eleitorado ao degelo nas relações com o Ocidente proposto pelo presidente Hassan Rohani. E em um país caracterizado por ser uma férrea teocracia militarista acusada de violar os direitos humanos, qualquer laivo de abertura, como ocorreu com os resultados parciais destas eleições, se torna uma notícia animadora.
Convém não esquecer o fato de que todas as candidaturas que participaram das eleições de sexta-feira, dia 26 de fevereiro, tinham antes passado pelo crivo do Conselho de Notáveis, o ultraconservador organismo encarregado, entre outras coisas, de escolher o líder supremo do país, um cargo vitalício cuja palavra se transforma em lei. De modo que os iranianos puderam escolher não entre diferentes opções, mas entre diferentes matizes de uma mesma opção. Também puderam votar sobre a renovação do citado Conselho, formado por 88 homens, que possivelmente elegerá o próximo líder supremo do Irã, já que o atual, Ali Khamenei, tem 76 anos e o mandato no Conselho eleito se estenderá por oito. Por isso mesmo, o bom resultado obtido pelas opções menos conservadoras constitui uma importante alavanca para apoiar a mudança de estruturas e a abertura social que uma nação milenar como o Irã merece.
A maior parte da população iraniana não conheceu outra forma de governo que o regime dos aiatolás que dirige o país há 37 anos; mas na era da Internet é difícil que continue aceitando uma forma de organizar a sociedade contrária a tudo aquilo que recebe por seus celulares. E é aí que a atitude de Rohani de estabelecer pontes com o Ocidente pode ser decisiva.
Um Irã isolado não convém a ninguém além daqueles que ocupam o poder desde 1979.
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