Descoberta a supernova mais brilhante da história
Rede de telescópios detectou a maior explosão estelar já registrada
No dia 14 de junho de 2015, dois telescópios em Cerro Tololo (Chile) detectaram uma poderosa fonte de luz no céu noturno. Esses instrumentos pertencem ao Censo Automatizado de Supernovas de Céu Completo (ASAS-SN), um projeto liderado pelos Estados Unidos que mapeia toda a abóbada celeste a cada poucos dias em busca de novos fenômenos astronômicos. Desde aquela noite, muitos telescópios terrestres e espaciais se lançaram na corrida para observar o mesmo brilho, pois, de acordo com as primeiras análises, e para a surpresa dos astrônomos, trata-se da mais poderosa explosão estelar já registrada.
A equipe internacional do ASAS-SN explica num estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science tudo o que foi descoberto sobre essa enigmática supernova, batizada ASASSN15lh. A primeira coisa que surpreendeu os cientistas é que a supernova não se parece com nenhuma das mais de 200 supernovas descobertas desde 2014. É duas vezes mais brilhante do que qualquer outra explosão estelar já registrada e 20 vezes mais luminosa do que todas as estrelas da nossa galáxia juntas. De fato, esse monstro é tão raro, tão inclassificável, que seus descobridores ainda não conseguem explicar como ela pôde liberar tanta energia sem violar leis fundamentais da física.
Depois das primeiras observações, o astrônomo José Prieto, que trabalha no Instituto Milênio de Astrofísica, na Universidade Diego Portales do Chile e pertence à equipe do ASAS-SN, foi o primeiro a propor uma explicação. “Pensei na possibilidade de que fosse uma supernova superluminosa, um tipo de objetos muito pouco frequentes”, explica. Essas supernovas foram descobertas há apenas duas décadas e ainda não está claro que tipo de estrelas as produzem quando implodem no fim de suas vidas.
A equipe usou os seus próprios instrumentos e outros telescópios para determinar a composição química e distância da estrela. Os resultados confirmaram a intuição de Prieto e indicaram que está a 3,8 bilhões de anos-luz, ou seja, o brilho captado em 14 de junho teve lugar quando todos os terráqueos eram simples micróbios.
Até agora os astrônomos acreditavam que essas supernovas eram produzidas por estrelas que, ao explodir, formam em seu núcleo uma estrela de nêutrons que gira sobre si mesma tão rápido que cria um forte campo magnético. São conhecidas como magnetares. Depois da queda de suas camadas mais externas, estas caem no núcleo e são lançadas para fora, formando uma supernova. Se a isso se adiciona a energia do campo magnético no núcleo, o resultado é uma das maiores explosões de energia que podem ser observadas no universo.
Mas a supernova recém-descoberta é mais poderosa até mesmo que o maior magnetar concebível. “A energia que irradiou até agora é tão grande que rompe esse modelo, o magnetar teria de girar demasiado rápido e não se manteria, ele se quebraria, por assim dizer”, explica Prieto. Então, um humilde Subo Dong, o principal autor do estudo, reconhece: “A resposta sincera é que não sabemos de onde vem a energia da ASASSN15lh”.
Embora não seja visível a olho nu por causa da distância, a supernova continua brilhando, não se sabe até quando. Seus descobridores planejam usar agora o telescópio espacial Hubble para tentar revelar seu segredo.
Um recorde descomunal
570 bilhões
Número de vezes que o brilho da supernova supera o do Sol.
16 quilômetros
Diâmetro estimado do núcleo dessa estrela. Os astrônomos não sabem que tipo de objeto provocou essa explosão estelar, mas suspeitam que poderia se tratar de uma estrela de nêutrons que deveria girar a cerca de 1.000 rotações por segundo.
20 vezes a Via Láctea
Na nossa galáxia há 100 bilhões de estrelas. A supernova descoberta seria 20 vezes mais brilhante do que todas essas estrelas juntas.
Energia descomunal
As bombas atômicas que devastaram Hiroshima e Nagasaki tinham cerca de 20 quilotons de energia. A supernova ASASN15lh equivalente a mais de um quintilhão de bombas atômicas como essas, conforme calculou José Prieto.
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