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Editoriais
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Morte na Venezuela

O regime tem de investigar o assassinato de um oposicionista em um comício

El País
Seguidores de Nicolás Maduro diante de Lilian Tintori em Guarico, onde ocorreu o assassinado em comício com o opositor Luis Manuel Díaz.
Seguidores de Nicolás Maduro diante de Lilian Tintori em Guarico, onde ocorreu o assassinado em comício com o opositor Luis Manuel Díaz.FRANCISCO TRUCEIRO (AFP)

O assassinato de Luis Manuel Díaz, líder da oposição venezuelana, durante um ato eleitoral na quarta-feira é um fato gravíssimo de violência política em um país que no próximo dia 6 de dezembro irá às urnas, e deve ser investigado até as últimas consequências pela justiça venezuelana.

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A morte a tiros de Díaz não é um fato isolado. O político assassinado estava presente em um comício de Lilian Tintori, esposa do líder da oposição Leopoldo López, na prisão há quase um ano. Durante todo o dia, Tintori foi repetidamente assediada por simpatizantes do regime e em certo momento chegou a ser retida sem qualquer justificativa por parte dos oficiais de polícia. Nesta quinta-feira ela denunciou que corre o risco de ser assassinada. Convém não esquecer que seu marido, que se tornou um símbolo das denúncias contra o regime de Nicolás Maduro, foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão em um julgamento manipulado, eivado de irregularidades e sem as mínimas garantias jurídicas, e que várias personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos pediram ao presidente venezuelano que o liberte imediatamente. Outro destacado líder da oposição, Henrique Capriles, também denunciou às autoridades ter sido objeto de ataques armados.

As eleições legislativas venezuelanas que acontecerão dentro de pouco mais de uma semana são cruciais para o futuro da Venezuela. É imprescindível que sejam realizadas num clima de liberdade e de normalidade democrática. Infelizmente, trata-se de um cenário muito distante do assédio que estão sofrendo os oposicionistas, tanto em suas vidas cotidianas como em seus deslocamentos e nos atos políticos de que participam.

O Governo venezuelano encabeçado por Maduro está obrigado a fazer duas coisas no curto prazo: em primeiro lugar, deve esclarecer o assassinato de Díaz, como já exigiram a Organização dos Estados Americanos e a Unasul. Ao mesmo tempo, tem o dever de garantir a segurança dos participantes de eventos organizados pela oposição. É absolutamente incompatível com uma democracia que um político possa ser crivado de balas em uma multidão e que o crime fique impune. O desdém com o qual o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, qualificou como “montagens” os atentados sofridos pelos oposicionistas não é exatamente uma garantia da vontade dos que estão no poder de esclarecer e acabar com essa violência.

Tampouco contribuem para o clima de tranquilidade as reiteradas declarações de Maduro nas quais coloca as manifestações de rua acima do que poderiam dizer as urnas. É muito perigoso reiterar, como faz Maduro, o propósito de ganhar nas ruas o que não for conseguido com os votos. Na democracia, a expressão máxima da vontade popular não está nas demonstrações de força no asfalto, mas nas cédulas depositadas com segurança e liberdade nos lugares de votação. Maduro deve aceitar de uma vez por todas as regras do jogo democrático.

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