A hora do México?
O ano que vem será complicado. A queda no preço do petróleo reduzirá a arrecadação pública, e ajustes serão necessários
Na última década o México foi a grande esperança dos países emergentes, mas sistematicamente frustrou as expectativas. Nesta semana estive na Cidade do México e observei o pessimismo a respeito das perspectivas futuras, apesar de o PIB crescer 2,5% ao ano.
No último ano o México sofreu a perturbação negativa do desabamento do preço do petróleo e da intensa fuga de capitais que afetou toda a América Latina e depreciou o peso em 30% frente ao dólar. Uma década atrás, uma desvalorização tão intensa teria quebrado boa parte do sistema bancário e teria feito as taxas de juros dispararem, causando uma freada brusca na economia e uma depressão.
Hoje o sistema bancário mexicano é dos poucos que já cumprem o acordo Basileia III, com taxas de solvência e de liquidez invejáveis quando vistos da Europa, e tem uma inadimplência que praticamente não cresce. A taxa de inflação está próxima de 2% ao ano, e a desvalorização cambial se traduziu no barateamento dos salários quando calculados pelo dólar, que chegaram ao seu menor valor em duas décadas.
O ano que vem será complicado. A queda do preço do petróleo reduzirá a arrecadação pública, e ajustes serão necessários, sobretudo nas regiões que sofreram uma redução significativa das transferências do Governo Federal. E a instabilidade financeira da região certamente continuará afetando negativamente esses Estados.
Mas os manuais de economia nos ensinam que a depreciação da moeda, se não gerar instabilidade financeira, tem efeitos expansivos sobre a atividade e o emprego. Quando o comércio mundial se recuperar, o México começará a crescer. Mas, para convergir em termos de renda com os países desenvolvidos e reduzir a pobreza e a desigualdade, não vale qualquer crescimento. Na Espanha também estamos padecendo disso desde 2012. Se aumentarem os pernoites em hotéis de cinco estrelas e em pensões de uma estrela, o PIB cresce por igual. Mas o número de empregos e sobretudo os salários e o nível de vida não são iguais em ambos os casos.
O México precisará aproveitar a recente assinatura do Tratado de Livre Comércio do Pacífico e o peso subvalorizado para diversificar sua carteira de exportação para a zona do mundo que mais cresce. E também quando assinar o tratado que negocia com a Europa. Mas, sobretudo, o México precisa começar a incorporar à sua carteira de exportação bens e serviços mais complexos, que permitam aumentar sua produtividade, seus salários e reduzir a pobreza.
O grande desafio é a educação. É preciso começar a ensinar desde pequenas às crianças os valores democráticos, o idioma inglês e a adaptação à revolução tecnológica que vivemos. Será preciso continuar melhorando a infraestrutura e combatendo a informalidade para aumentar os salários e a arrecadação pública. O México precisa melhorar sua segurança jurídica e o ambiente para negócios. A violência limita o desenvolvimento, mas um crescimento econômico sólido ajudará a acabar com ela.
Ainda continua havendo uma névoa no horizonte, mas, quando ela se dissipar, o México voltará a crescer. Entretanto, há muitas coisas a fazer. O Governo deve liderar o processo, mas a chave do sucesso será o investimento privado. Que a força esteja com vocês.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.