Volkswagen descobre fraude maior e prejuízo sobe para 36 bilhões de reais
Grupo diz ter descoberto mais 800.000 carros que apresentam “incoerências inexplicáveis”

O escândalo da Volkswagen alcança novas proporções. Até o momento, a companhia só havia reconhecido a instalação de um software em 11 milhões de veículos que adulterava as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx). Na tarde de terça-feira, a empresa alemã informou que uma investigação interna revelou "incoerências inexplicáveis" em outras emissões, as de dióxido de carbono, em pelo menos 800.000 carros. A empresa calculou o prejuízo da nova irregularidade: por volta de 2 bilhões de euros (8,27 bilhões de reais), além dos outros 6,7 bilhões de euros (27,70 bilhões de reais) que foram provisionados para cobrir os custos da primeira crise.
A companhia, em um comunicado, disse que "lamenta profundamente" a nova situação, e demonstrou que iniciará um diálogo com as autoridades para resolver o problema o quanto antes. Os veículos adulterados, das marcas Volkswagen, Skoda, Seat e Audi, são "em sua maioria" a diesel, o que deixa subentendido que, pela primeira vez, existem carros que utilizam motores à gasolina entre os implicados.
O dióxido de carbono influi diretamente na mudança climática, e ao contrário das emissões de NOx, as de dióxido são utilizadas como critério para que o Ministério da Indústria conceda subsídios aos fabricantes de automóveis. Logo depois o comunicado, as ações da empresa nos EUA despencaram mais de 5% na bolsa.
"Desde o começo fui favorável a esclarecer as coisas de maneira firme e implacável", disse o presidente da Volkswagen, Matthias Müller no comunicado. "Não iremos parar diante de nada nem de ninguém. Esse processo é doloroso, mas é nossa única alternativa. Para nós, a única coisa que conta é a verdade. É disso que a Volkswagen precisa", acrescentou Müller, que tomou o controle a empresa no final de setembro depois do escândalo causar a demissão de Martin Winterkorn.
A empresa voltou a colocar no final do comunicado um mantra que vem repetindo desde o começo da crise de emissões de gases em 18 de setembro: "todos os carros são seguros". Números de outubro já mostram o impacto da crise para a Volkswagen, com uma queda de vendas de 0,7% na Alemanha, uma diminuição de 3% na França e uma pequena melhora nos Estados Unidos de 0,24%, contra crescimentos de dois dígitos de seus rivais.