O asteroide ‘Abóbora gigante’ visitará a Terra neste sábado
Asteroide quatro vezes maior que um campo de futebol foi detectado apenas 20 dias antes da sua aproximação máxima do planeta
A comunidade astrofísica vai ter uma noite muito especial neste Dia das Bruxas, porque, na noite de sexta para sábado, um asteroide do tamanho de quatro campos de futebol vai se aproximar da Terra. Os cientistas dizem que o visitante não causará consequências para o planeta, nem mesmo sobre as marés, mas o realmente intrigante é que a presença e trajetória desse grande corpo, que viaja a 35 quilômetros por segundo, só foram detectadas em 10 de outubro.
O asteroide em questão se chama oficialmente 2015 TB145, mas foi apelidado de “Abóbora Gigante”. Com cerca de 400 metros de largura, ele está enquadrado na categoria dos “objetos próximos à Terra” (NEO, na sigla em inglês). No momento de maior aproximação, ficará a 480.000 quilômetros do planeta, aproximadamente 30% a mais que a distância da Lua à Terra.
“O fato de esse grande asteroide ter sido descoberto apenas 20 dias antes da maior aproximação demonstra a necessidade de prestarmos muita atenção ao céu diariamente, tanto de dia quanto de noite”, diz Detlet Koschny, do programa de Alertas de Situação Espacial da Agência Espacial Europeia (ESA).
Há muitíssimos asteroides que passam perto da Terra, inclusive muito perto, mas não os detectamos porque costumam ser relativamente pequenos
Mas há uma razão para a detecção tardia do asteroide. “Há NEOs que têm órbitas muito elípticas, mais parecidas com a de um cometa do que com a de um asteroide, e eles passam a maior parte do tempo em zonas afastadas demais da Terra para serem detectáveis. Só são observados quando entram na parte mais próxima da sua órbita, o que costuma ser pouco antes [da maior aproximação], como é o caso do 2015 TB145”, explicou ao EL PAÍS o astrônomo José-Luis Ortiz, do Departamento de Sistema Solar do Instituto Astrofísico da Andaluzia (IAA).
A não detecção de um NEO é algo bastante comum. “Asteroides que passam perto da Terra existem muitíssimos, inclusive muito perto, mas não os detectamos porque costumam ser relativamente pequenos, e nossos sistemas de detecção não são capazes de vê-los. Quanto menores, mais fracamente aparecem, já que refletem menos luz solar”, explica Ortiz. "O que não é frequente é que o objeto seja, além disso, relativamente grande.”
O último objeto de tamanho semelhante a se aproximar tanto – até apenas 10% a mais do que a distância média da Terra à Lua – foi o 2004 XP14, em 3 de julho de 2006. O próximo encontro previsto será em 2026.
Outro problema associado à falta de detecção dos NEOs tem a ver com a sua trajetória. “Há NEOs que têm órbitas que não podem ser detectadas com os telescópios usados para rastrear o céu, os quais funcionam à noite. Para poder observar o céu diurno, o telescópio precisaria estar no espaço”, afirma Ortiz. A missão Sentinela, da ESA, foi concebida especificamente para tratar disso no futuro.
Não se sabe praticamente nada a respeito das características físicas desse asteroide, exceto pelo que se pode deduzir a partir de observações feitas até agora.
“Há informação, ainda sem confirmar totalmente, indicando que gira sobre seu eixo uma vez a cada três horas, e também que poderia ter um pequeno satélite, mas pouco se sabe além disso”, afirma Ortiz.
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