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Procuradoria confirma que Cunha e familiares têm contas na Suíça

PSOL obteve um documento oficial assinado pelo procurador geral atestando o fato

Gil Alessi
O documento enviado por Janot ao PSOL.
O documento enviado por Janot ao PSOL.Reprodução

A Procuradoria Geral da República confirmou, nesta quinta-feira, que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de fato tem contas no exterior, e que estes ativos foram bloqueados pelas autoridades da Suíça.  Atendendo a um pedido de informação protocolado pelo PSOL, a PGR encaminhou à legenda um documento de duas páginas no qual atesta que o deputado e familiares são titulares de contas secretas, que foram bloqueadas por suspeita de que eram abastecidas por ativos fruto de corrupção e lavagem de dinheiro ligados ao caso investigado pela Lava Jato. É o primeiro documento assinado pelo procurador-geral Rodrigo Janot ligando Cunha à investigação suíça, encaminhada ontem para as autoridades brasileiras. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o montante bloqueado chega a 2,5 milhões de dólares.

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O documento fragiliza ainda mais a situação Cunha, que diversas vezes – inclusive perante a CPI da Petrobras – negou a titularidade de contas no exterior. Se comprovado que ele mentiu, o parlamentar pode perder o mandato por quebra de decoro. Deputados da oposição vinham dizendo ao longo das últimas semanas que a sustentação do presidente no cargo e até mesmo a manutenção do mandato dependiam do aparecimento ou não de documentos concretos que provem que ele faltou com a verdade. Vários delatores da Lava Jato afirmaram em depoimentos à Justiça que Cunha recebeu dinheiro fruto de propina, depositado em contas externas. Na denúncia enviada pelo Ministério Público ao Supremo ele é acusado de ser o destinatário final de 5 milhões de dólares pagos por empresas para que ele facilitasse negociações com a Petrobras.

“Essa resposta nos dá um elemento fundante para uma representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar em desfavor de Cunha”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ao apresentar o documento da PGR na tarde de hoje. Segundo ele, muitos colegas disseram nos últimos dias que “alegações e denúncias lastreadas apenas em notícias [jornalísticas] não tem valor”, e que agora, “com esse documento formal, oficial, nós temos plena condição de fazer essa representação”. Segundo ele, uma petição oficial contra o peemedebista será entregue na próxima terça-feira.

Ontem deputados de seis partidos – PPS, PMDB, PSOL, PT, PSB e Rede Sustentabilidade – protocolaram a primeira representação formal contra Cunha, entregue à Corregedoria da Câmara. O problema é que esta petição dependeria da anuência da mesa diretora da Casa, presidida pelo peemedebista, o que dificultaria que a matéria seguisse para o Conselho de Ética. Esta nova representação com base no documento enviado pela PGR seguirá diretamente ao conselho. De qualquer forma, Cunha tem forte influência no colegiado, já afirmou diversas vezes que não irá renunciar.

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