Trabalhadores invadem a sede da Air France em ato contra demissões
Companhia aérea planeja cortar até 2.900 postos de trabalho Vários diretores da empresa foram agredidos pelos manifestantes
A Air France-KLM divulgou nesta segunda-feira um novo plano de reestruturação que poderia significar o corte de 2.900 postos de trabalho, depois que os pilotos da companhia rejeitaram a proposta para trabalhar mais horas.
Quatro sindicatos convocaram uma greve que coincidiu com o lançamento do plano numa reunião do Comitê Central da empresa nesta segunda. A reunião foi interrompida quando centenas de trabalhadores invadiram a sede da Air France em Roissy, nos arredores de Paris.
O diretor-presidente, Frederic Gagey, saiu repentinamente segundo dois membros do comitê. Esperava-se que a reunião recomeçasse algumas horas mais tarde. Vários diretores foram agredidos pelos manifestantes.
A Air France declarou que todos os voos continuariam operando, embora com "alguns atrasos". As conversações com os pilotos sobre um plano de reestruturação inicial foram suspensas na semana passada, o que levou os gestores a elaborar uma versão "alternativa".
Dura concorrência
A companhia aérea enfrenta uma feroz concorrência de rivais globais e havia tentado que os pilotos aceitassem voar 100 horas a mais por ano pelo mesmo salário. Eles recusaram o pedido por considerá-lo, na prática, uma redução salarial. Os sindicatos criticaram a decisão da empresa de seguir em frente com o plano após realizar o que eles qualificaram de uma "paródia" das negociações.
O Governo francês, que possui uma participação de 17,6% na companhia, criticou os pilotos. O primeiro-ministro, Manuel Valls, denunciou sua dura atitude. O diálogo foi "bloqueado por uma minoria que agiu por interesses puramente individuais", disse no domingo o ministro de Finanças, Michel Sapin.
A Air France diz que elaborou o plano alternativo "para garantir os objetivos econômicos e o futuro da empresa" na competição com os principais rivais europeus, Lufthansa e British Airways-Iberia.
O plano inclui medidas como a redução de 10% dos voos de longa distância, um atraso em seus pedidos de novos Boeing 787 e a redução do quadro de funcionários. O presidente executivo, Alexandre de Juniac, disse na sexta que era a favor de saídas voluntárias e que as demissões seriam o "último recurso". Mas Gagey indicou que as demissões são uma "possibilidade", pois, "do contrário, não haveria possibilidade de melhorar a produtividade."
Membros do sindicato afirmaram que o plano contempla a possibilidade de despedir 300 pilotos, 700 aeromoças e comissários de bordo e 1.900 trabalhadores em solo. Semana passada, uma fonte do conselho informou que a cifra de 2.900 trabalhadores havia sido apresentada como uma estimativa do excesso de pessoal em 2017 na companhia aérea, a maior da Europa em termos de tráfego e onde trabalham 52.000 pessoas. A empresa já cortou 5.500 postos de trabalho através de saídas voluntárias entre 2012 e 2014.
Espera-se que a Air France, que em 2004 realizou uma fusão com a KLM, sediada na Holanda, retire 14 aeronaves de longa distância e diminua o número de voos porque busca uma redução de custos de 1,8 bilhão de euros (7,8 bilhões de reais) em dois anos.
O Governo francês respaldou a empresa, e o primeiro-ministro Valls pediu que os pilotos aceitem o plano de reestruturação. "Se a Air France não evoluir, estará em perigo", disse Valls no fim de semana.
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