_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Putin é um aliado tático

O fato de a Rússia combater o EI não deve levar a Europa a fechar os olhos para sua atuação na Síria

Vladimir Putin durante uma reunião na quarta-feira em Moscou com membros de seu Governo.
Vladimir Putin durante uma reunião na quarta-feira em Moscou com membros de seu Governo.ALEXEY NIKOLSKY (EFE)

O começo dos ataques da aviação russa sobre posições do Estado Islâmico (EI) na Síria — que coincide com o bombardeio dos EUA contra os talibãs no Afeganistão e ocorre poucos dias depois de bombardeios franceses na Síria — tem de ser aceito de modo positivo, já que representa um novo esforço para acabar com uma ameaça surgida das atrocidades do integrismo; mas também com cautela porque não convém perder de vista vários fatores que condicionam a ação militar desencadeada por Moscou.

Mais informações
Rússia ataca a Síria pela primeira vez em apoio a Bashar al-Assad
Obama acena a Putin na ONU por causa de impasse na guerra da Síria
França começa a bombardear o Estado Islâmico na Síria

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que Vladimir Putin declarou apoio explícito ao regime de Bashar al Assad, um cruel ditador responsável em grande parte pelo banho de sangue em que seu pais se encontra mergulhado e que provocou centenas de milhares de mortes, além de milhões de refugiados.

Putin joga um jogo próprio e se move com tranquilidade nos parâmetros estabelecidos durante a Guerra Fria, embora ela tenha terminado há quase duas décadas. Sua intervenção na Síria parece estar mais ligado à intenção de defender o interesse estratégico histórico de Moscou nesse país e em toda a região do Oriente Médio do que em acabar com uma situação flagrante de violação sistemática dos direitos humanos.

Sem dúvida, a Rússia tem um papel fundamental a jogar na resolução do cada vez mais intrincado tabuleiro do Oriente Médio, e isso tem de ser reconhecido. Mas isso não pode constituir uma carta branca para que Putin apoie ditaduras que há tempos deveriam ter desaparecido ou adote unilateralmente decisões que possam influir no restante da comunidade internacional. E tampouco pode servir para eliminar a responsabilidade de Moscou na guerra civil que assola uma parte do território ucraniano nem na anexação ilegal da Crimeia à Federação Russa.

A Europa não deve ceder à tentação de fechar os olhos à atuação de Moscou na Síria pelo fato de Moscou combater o EI. Esse é só um primeiro passo. E Putin deve saber disso.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_