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PF pede ao Supremo para ouvir Lula sobre esquema da Lava Jato

Pedido se baseia em depoimentos de delatores de que Lula "possivelmente sabia"

Lula durante evento em Buenos Aires.
Lula durante evento em Buenos Aires.David Fernandez (EFE)

O delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo de Sousa quer ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o possível envolvimento do petista no caso de corrupção investigado pela Lava Jato. A PF entregou na quinta-feira um relatório ao Supremo Tribuna Federal, no qual solicita a oitiva para esclarecer se ele ou seu partido foram beneficiados no esquema. Lula já é investigado pela procuradoria da República por suspeita de tráfico de influência internacional para facilitar a prestação de serviços à Odebrecht com governos estrangeiros.

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Em visita a Buenos Aires desde o início da semana, Lula se disse surpreso com o pedido da PF, e afirmou ainda não ter sido notificado, de acordo com o jornal O Globo: "Para mim, não chegou nada". Apesar do ex-presidente não ter direito a foro privilegiado, como o depoimento dos delatores que o citaram consta no inquérito que tramita no STF - envolvendo políticos com foro especial - a oitiva de Lula precisa ser autorizada pela corte.

No relatório entregue à corte, o delegado reconhece que não há provas do envolvimento direto do petista no caso, mas que a Lava Jato “não pode se furtar à luz da apuração dos fatos”. O delegado afirma que é preciso apurar se Lula foi “beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo”. O documento afirma que até o momento nenhum delator pode precisar o envolvimento do ex-presidente no esquema: o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa se limitaram a dizer que supostamente Lula sabia da corrupção na estatal, mas eles não ofereceram evidências concretas.

Costa havia dito em sua delação premiada que achava "pouco provável que Lula não tivesse conhecimento do envolvimento dos partidos e empresas na movimentação dos valores do esquema". No entanto, o ex-diretor disse "nunca ter tratado com o ex-presidente ou com Dilma Rousseff sobre vantagens indevidas decorrentes de contratos da Petrobras". O relatório afirma que a mandatária não pode ser investigada pelos fatos ocorridos no período citado pelos delatores porque, de acordo com a Constituição, "o presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções".

Os delatores citados no relatório não ofereceram provas concretas do envolvimento de Lula e Dilma

O delegado também quer ouvir o presidente do PT, Rui Falcão, José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, ex-presidentes da Petrobras, José Filippi Júnior, ex-tesoureiro das campanhas de Lula e Dilma Rousseff, e os ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e José Dirceu. Dirceu está preso desde o início de agosto na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, por suspeita de envolvimento na Lava Jato.

Agora o relator da Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, precisa avaliar o relatório e decidir se encaminha ou não ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Caso ele opte por enviar o material, caberá a Janot decidir se Lula será ouvido ou não.

O pedido de oitiva de Lula chega em um momento delicado para a o Governo de Dilma, com o país mergulhado na recessão e o Executivo cambaleando em meio a crise política. Esta semana a agência de avaliação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota do país para o grau especulativo, o que agrava ainda mais a situação.

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