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Tentáculos da Lava Jato chegam ao Ministério do Planejamento

Procuradores consideraram esquema "audacioso" por continuar operando até julho

Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.EFE

Em mais uma fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira o ex-vereador petista de Americana Alexandre Correa de Oliveira. Ele seria o operador de um esquema de arrecadação ilícita envolvendo 50 milhões de reais em contratos de crédito consignado junto ao Ministério do Planejamento. De acordo com o Ministério Público Federal, o crime foi praticado até julho, o que foi considerado pelos procuradores uma “audácia” por parte dos suspeitos, que continuaram agindo mais de um ano após o início da operação.

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O suposto envolvimento de Oliveira foi descoberto durante a 17a fase da operação, a Pixuleco —termo usado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa para designar propina— , desencadeada no início de agosto e que terminou com a prisão de José Dirceu, seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e outras cinco pessoas. O ex-vereador foi citado por sócios da Consist, também detidos. O presidente da empresa, Pablo Kipermist, afirmou à PF que emitiu várias notas fiscais em nome de companhias de fachada de Oliveira referentes a serviços que jamais foram prestados. O empresário chegou a ser detido, mas foi liberado ontem.

A Polícia Federal não informou o nome do funcionário da pasta do Planejamento que participava do esquema junto com o ex-vereador, e disse apenas que ele já faleceu e que foram identificados pagamentos feitos à sua viúva, cujo nome também não foi divulgado. Segundo os investigadores, os repasses de dinheiro do esquema eram feitos a companhias indicadas por intermediários ligados ao PT, com o uso de empresas de fachada. Uma delas era a Jamp, do delator Milton Pascowitch, que disse ter feito remessas de dinheiro também para o ex-tesoureiro petista João Vaccari. Foram cumpridos também 10 mandados de busca e apreensão em Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba. Uma das empresas que foi alvo dos agentes foi a JD2 Consultoria, de Dirceu.

"Com certeza esse esquema acontece em outros setores que ainda não foram identificados", disse em entrevista coletiva o delegado Márcio Adriano Anselmo. Segundo ele, a Lava Jato pode estar “diante de um novo modelo” de desvio de dinheiro e pagamento de propinas.

Em depoimento à Polícia Federal, o irmão de José Dirceu disse que entre 2012 e 2013 recebeu 30.000 reais mensais da empresa Jamp, de propriedade do lobista Milton Pascowitch, a título de “ajuda para despesas variadas”. Foi um pagamento espontâneo, segundo seu depoimento, e que na prática seriam descontadas das pendências financeiras entre a Jamp e a JD.

O Ministério do Planejamento divulgou nota anunciando "a rescisão em 30 dias do Acordo de Cooperação Técnica (...) assinado pela então Secretaria de Recursos Humanos com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar e a Associação Brasileira de Bancos". A pasta informou também que foi aberta uma sindicância para investigar "possíveis irregularidades".

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