Meryl Streep apoia a primeira turma de mulheres roteiristas
Atriz cria e apoia financeiramente programa anual para histórias escritas por mulheres
O que Meryl Streep quer, ela consegue. A intérprete tem 19 indicações ao Oscar, a atriz mais vezes indicada a este prêmio, e três estatuetas em seu poder. Seu nome é presença constante entre as melhores, se não for a melhor do cinema atual, e não há nenhuma atriz que não a reverencie com inveja ou admiração. Agora a estrela de 66 anos, casada e mãe de quatro filhos, tem outro motivo para se orgulhar. A primeira turma do Writers Lab é uma realidade. Trata-se do programa anual que a atriz criou e financia para apoiar o desenvolvimento de roteiros escritos por mulheres com mais de 40 anos.
“Minha esperança é conseguir um mundo mais equilibrado”, disse a EL PAÍS a intérprete de A Escolha de Sofia, Kramer vs. Kramer e Mamma Mia!. Ela falou em geral, da situação de um mundo no qual são muitos os países em que as mulheres têm menos direitos que os homens. Mas, concretamente, suas palavras durante a apresentação de seu último filme, Ricki and the Flash: De volta para casa, se referiram a Hollywood. Como lembrou a este jornal, dos 10 filmes de maior bilheteria do ano passado apenas um tinha uma mulher como protagonista. “O cinema vai a reboque”, disse a atriz culpando uma indústria que não escuta “vozes femininas”.
Esta é a razão pela qual lançou essa oficina de roteiros quer será realizada em Nova York de 18 a 20 setembro. A associação New York Women in Film & Television (Mulheres de Nova York no cinema e na televisão) e o coletivo de diretoras Iris selecionou as 12 mulheres participantes de um programa no qual vão receber aulas de roteiristas como Jessica Bendinger (Teenagers – As Apimentadas), Meg LeFauve (Divertida Mente), Lydia Pilcher Dean (Viagem a Darjeeling) e Gina Prince-Bythewood (A Vida Secreta das Abelhas). As participantes foram selecionadas entre as 3.500 inscritas no programa.
“Minha esperança é conseguir um mundo mais equilibrado”, disse a intérprete ao EL PAÍS
A iniciativa de Streep é apenas o mais recente sinal de seu desejo de contribuir para uma indústria da qual, sempre insiste, se sente com “muita sorte” de fazer parte. No entanto, a protagonista de Silkwood – O Retrato de uma Coragem ou que recuperou a memória de Margaret Thatcher em A Dama de Ferro sempre denunciou o machismo que prevalece na indústria cinematográfica. “Na televisão há tantas histórias, tantas séries, que têm mulheres como protagonistas começando com Orange is the New Black, mas no cinema estamos atrasados na hora de dar ao público o que ele pede”, acrescentou ao jornal. Uma ausência causada, sempre explicou, pela ausência quase total de mulheres diretoras e roteiristas que impulsionem histórias com protagonistas femininas. E essa é a mudança que espera conseguir com a nova oficina de roteiristas.
Atualmente Streep está filmando Florence Foster Jenkins, filme centrado em uma herdeira nova-iorquina determinada a ser uma cantora de ópera, apesar de ter uma das piores vozes do mundo. Além dessa comédia, a intérprete vai estrear este ano o filme Suffragette, que conta a história do movimento sufragista que conquistou o voto para as mulheres. Um filme dirigido por Sarah Gavron, com o catalão Eduard Grau como diretor de fotografia e escrito por Abi Morgan, roteirista e produtora britânica com quem Streep trabalhou anteriormente em filmes como A Dama de Ferro e As Horas.
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