Morre uma pessoa durante um saque a um supermercado na Venezuela

Três locais são assaltados na cidade sul-oriental de San Félix por pessoas desesperadas

Caracas -
Um dos saques em San Felix, Venezuela.REUTERS

Os vídeos amadores que mostram as longas filas em frente aos supermercados na Venezuela são quase moeda corrente nas redes sociais, mas nesta quinta-feira o caos aumentou na cidade sul-oriental de San Félix, no estado de Bolívar, a sede das industriais estatais de ferro e alumínio. Pela manhã correu o rumor de que um estabelecimento comercial gerenciado por chineses, chamado Uniferias, localizado na avenida Manuel Carlos Piar, tinha recebido produtos da cada vez mais escassa cesta básica. A multidão golpeou as portas do local para tentar pegar as escassas provisões e os encarregados decidiram fechar. Então começou a loucura.

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As imagens mostram vários homens pendurados nas grades do local tentando forçar a porta. Alguns pacotes voam pelos ares enquanto as pessoas gritam com vontade. O supermercado foi totalmente saqueado. A poucas quadras dali, em uma via lateral do bairro Vista al Sol, um homem identificado pelas autoridades como Gustavo Patinez, pedreiro e pai de um bebê de quatro meses, faleceu. Foi o ápice de um dia que tinha começado nas primeiras horas da manhã com protestos contra as falhas no transporte público e que terminou com três comércios totalmente saqueados — Comercial Victoria, Comercial Uniferia e Comercial Vista Mundo — e outro — Comercial Progresso y Fortuna — com danos parciais.

No início da tarde local, o governador da província, Francisco Rangel Gómez, confirmou a notícia e anunciou além disso a prisão de 27 pessoas. Mais tarde o número de presos pela política tinha subido para sessenta, segundo confirmou para este diário Clavel Rangel, jornalista do jornal local Correo del Caroní.

O Governo sustenta que o protesto seguiu as diretrizes de seus adversários políticos

Rangel Gómez discordou que fosse um protesto espontâneo, e garantiu que seguiu as diretrizes de seus adversários políticos. “Não há desculpa para que isso aconteça, o povo não está com fome, só querem sabotar”, afirmou o governador em um programa de entrevistas transmitido pelo canal Globovisión.

Depois dos eventos, que quase não foram cobertos ao vivo pelos meios audiovisuais, a maioria dos comércios da cidade vizinha de Puerto Ordaz, que junto a San Félix faz parte da Ciudad Guayana, fechou suas portas temendo novos saques. Houve tentativas de saquear a sede do supermercado Bicentenário, de propriedade estatal, no conjunto habitacional Altavista. A cidade permanecia calma no início da noite, com algumas padarias e destilarias abertas e sem a presença militar nas ruas, apesar de o trânsito na avenida Manuel Carlos Piar permanecer restrito.

O presidente Nicolás Maduro lamentou o fato, também culpou seus opositores de incitar a violência e os acusou de estar por trás da organização de atos similares em outras regiões do país.

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