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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

A esquerda partida

A coalizão Agora em Comum dilui o voto radical e debilita o Podemos

Pouco mais de duas semanas depois que o Podemos rejeitou uma aliança pré-eleitoral com a Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol), esta organização surpreendeu seus concorrentes lançando uma coalizão de grupos esquerdistas, denominada Ahora en Común (Agora em Comum), para disputar as eleições gerais de novembro em conjunto com outras forças políticas e populares que o partido de Pablo Iglesias também não incluiu em suas chapas. Nos bastidores, o líder da IU, Alberto Garzón, conseguiu aglutinar partidos como o Equo, líderes de organizações populares criadas para as eleições regionais e municipais, e até dirigentes intermediários, deputados regionais e vereadores do Podemos que não concordam com a estratégia eleitoral imposta pelo aparato do partido.

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O manifesto divulgado nesta quinta-feira pela nova coalizão utiliza o estilo do Podemos – de quando este foi lançado há um ano – e convida todas as forças de esquerda a confluir em uma “onda popular de entusiasmo para ganhar as eleições gerais”. É como se as novas gerações da IU dessem uma resposta aos fundadores do Podemos na tentativa de recuperar a hegemonia da esquerda.

Os promotores desta nova onda popular citam como exemplo as vitórias conquistadas pelos partidos Ahora Madrid, Barcelona en Comú, Zaragoza en Común, Por Cádiz Sí Se Puede e demais organizações da mesma tendência para buscar, dizem, uma maioria que lidere a mudança na Espanha, “antepondo o que nos une ao que nos diferencia”.

É positivo que os grupos de esquerda apresentem uma alternativa sem se envergonhar de sua ideologia nem se camuflar atrás de posições de centro pouco críveis. A experiência das eleições regionais e locais mostrou que as novas forças radicais só conseguiram chegar ao poder quando formaram coalizões amplas, somando as siglas de todos e apresentando cabeças de chapa com prestígio pessoal.

Essa foi a abordagem da IU e do Equo em relação ao Podemos nas últimas semanas. Eles receberam como única resposta a afirmação de que seriam bem-vindos ao partido se deixassem de lado suas siglas. Essa posição de força de Pablo Iglesias recebeu uma resposta rápida de seus concorrentes. Além disso, o lançamento desta nova coalizão ocorre num momento em que os fundadores do Podemos vêm se deparando com uma forte resistência de parte de suas bases quanto ao modelo de composição das chapas eleitorais. Os críticos do partido rejeitam o regulamento das primárias, afirmando que ele protege as propostas do aparato partidário e mina a pluralidade.

O sistema democrático se baseia no diálogo, no debate e nos acordos antes e depois da realização de eleições. Por isso, deve-se agradecer que os líderes políticos situados mais à esquerda aclarem suas posições, formulem suas propostas e construam seus pactos sobre bases ideológicas claras, embora isso signifique uma diluição da proposta mais radical ou o enfraquecimento de algum partido que queira ocupar muito espaço político com base na indefinição.

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