O dia em que o Facebook censurou o sofrimento de um garoto gay
A própria Hillary Clinton deixou uma mensagem carinhosa de apoio ao menino
“Sou homossexual e me dá medo pensar no futuro e na rejeição das pessoas”. Essa frase, que na boca de qualquer adulto certamente seria dolorosa, adquire contornos trágicos se a atribuirmos a um menino de dez anos. E se além disso o autor dessas palavras se atreve a dar o passo de compartilhar sua inquietação no Facebook e os responsáveis pela rede social decidirem censurar seu drama, o escândalo não pode ser maior. Foi isso o que aconteceu na tarde de sexta-feira na célebre página Humans of New York, uma das mais populares do Facebook. Essa balbúrdia digital seguida por 13 milhões de usuários há anos publica imagens de nova-iorquinos anônimos que desejam compartilhar algum detalhe de sua vida. E na sexta foi em torno de um garoto – cujo nome não foi divulgado por razões óbvias – e do medo que lhe causam as consequências de sua condição sexual.
A mensagem ficou indisponível ainda que não houvesse nenhum dos elementos que o Facebook em geral censura por violar as políticas de privacidade e integridade moral da rede social. Imediatamente, Brandon Stanton, criador da Humans of New York, relatou o fato em sua conta e mostrou seu desacordo: “Parece que o Facebook decidiu apagar a corajosa declaração do garoto e, além disso, me avisaram que não deveria subir outros comentários semelhantes. Só espero que tudo isso seja um mal-entendido”. A reação dos seguidores da página não demorou e logo demonstraram toda sua raiva pelo que consideraram um acontecimento lamentável.
A verdade é que a imagem não tinha nus nem palavras capazes de ofender ninguém com pelo menos dois neurônios. Pelo contrário, uma imagem assim só desperta sentimentos de compaixão e amor. De fato, antes que a imagem fosse apagada, a própria Hillary Clinton deixou uma mensagem carinhosa de apoio ao menino: “Seu futuro vai ser incrível. Você vai acabar se surpreendendo com tudo que vai ser capaz de conseguir. Cerque-se sempre de pessoas que gostem de você e acreditem em você – vai encontrar muitas delas”.
A fúria provocada pela intervenção do Facebook atingiu um nível tão alto que poucas horas depois do lamentável incidente a imagem foi republicada. Ninguém consegue explicar a falta de raciocínio da empresa de Mark Zuckerberg, especialmente por ela ter sido a primeira a aderir nesta semana à celebração do Orgulho LGBT e à legalização do matrimônio igualitário nos Estados Unidos. Em nota, a rede social disse: "Um bug em nossa infraestrutura técnica fez com que o post do Humans of New York não ficasse visível por um curto período de tempo. O post não foi propositalmente removido e já pode ser visualizado normalmente". Mas, como sempre, não há mal que não venha para o bem: a enxurrada de apoio recebida pelo menino na página Humans of New York com certeza lhe serviu para perceber que apesar de tudo há um exército de pessoas zelando para que sua felicidade esteja assegurada no futuro.
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