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PMDB quer candidato próprio em 2018, e nome de Temer ganha força

Crise na relação com o PT faz com que 'voo solo' do partido em 2018 se torne prioridade

Gil Alessi
O vice-presidente Michel Temer, do PMDB.
O vice-presidente Michel Temer, do PMDB.EVARISTO SA (AFP)

A crise política no casamento entre o PT e o PMDB ganhou mais um capítulo há poucos dias, com o desabafo virtual do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. “O PMDB está cansado de ser agredido pelo PT constantemente e é por isso que declarei (...) que essa aliança não se repetirá”, escreveu ele no final de semana. A frase postada por Cunha, em sua conta no twitter, reflete o grau de desgaste pelo qual passa a relação entre o Governo de Dilma Rousseff e o seu principal aliado desde 2003. O estopim dos comentários do parlamentar no microblog foram as críticas feitas por petistas à atuação do vice-presidente Michel Temer na articulação política do Planalto, e a vaia ao nome de Cunha durante o Congresso do PT neste final de semana em Salvador. Cunha foi além: “Talvez tivesse sido melhor que eles [o PT] aprovassem no Congresso [do partido] o fim da aliança e não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte”.

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O racha abre caminho para que peemedebistas voltem a reforçar a tão sonhada candidatura própria para a presidência em 2018 – a primeira desde que Orestes Quércia disputou e perdeu a vaga no Planalto em 1994, quando saiu em quarto lugar na disputa. O carioca Cunha tem repetido diversas vezes que seu favorito para a chefia do Executivo nacional no próximo pleito é o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O nome tem apoio de diversas lideranças do partido. “Ele é um nome com melhores condições, pelo perfil e pela vitrine administrativa, tem uma gestão para mostrar”, afirma Leonardo Picciani (PMDB-RJ), líder da bancada na Câmara dos Deputados.

Mas, a candidatura do atual prefeito do Rio ainda não é consenso. “Como líder da bancada [do PMDB no Senado], como filiado há mais de 40 (...) incluo o nome de Michel Temer, pelo seu currículo, como potencial candidato do partido em 2018”, afirma Eunício Oliveira (PMDB-CE). Há, ainda, outros candidatos competitivos para essa disputa. Em artigo recente, a agência Bloomberg citou a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, como uma das possibilidades da legenda para a sucessão de Dilma Rousseff. Outros apostam que o próprio Cunha pode se animar a trilhar o caminho do Palácio do Planalto com a exposição que ganhou como presidente da Câmara neste ano.

O vice-presidente, por ora, tem força com a militância jovem do partido. “Hoje defendemos o nome de Temer, pelo papel de articulação política”, disse o presidente da Juventude Nacional do PMDB, Pablo Rezende. Mas ele pondera que o cenário ainda pode mudar, e cita o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, como possível postulante. “O PMDB é um partido tão grande que não faltam nomes bons para disputar”.

Existe a expectativa o PT nos apoie [em 2018], já que nós os apoiamos duas vezes”

Até 2018, entretanto, o compromisso do partido é manter-se ao lado da presidenta, ainda que com altos e baixo na relação. Leonardo Picciani, homem forte de Cunha no Congresso, também acredita no rompimento definitivo da aliança com o PT, mas garante que o partido “não negará apoia à pauta da governabilidade”. “Não sei se continua [a aliança] até o final [do mandato de Dilma]”, diz o deputado.

Rezende, da Juventude peemedebista, comenta que sua entidade já rompeu com o PT nas eleições para a presidência da UNE: “Costumávamos compor com eles e com o PC do B, mas no último pleito tivemos candidato próprio”, diz. Ele afirma ainda que os jovens da legenda entregaram o cargo que tinham na secretaria de Juventude do Governo. “Já temos um protagonismo no Congresso, e há anos vimos fomentando o desejo da candidatura própria. Agora temos uma certeza de que o partido está maduro”, conclui Rezende.

Mas, um conselho do lendário peemedebista Ulysses Guimarães vale para o momento atual. Disse ele ao jornalista Fernando Morais, que “em política você nunca deve estar tão próximo que amanhã não possa ser adversário ou inimigo. E nem tão distante que amanhã fique em dificuldade por ter que virar amigo.” Por isso, o PMDB já vislumbra um eventual apoio dos petistas a seu voo solo dentro de três anos. “A expectativa é que o PT nos apoie, já que nós os apoiamos duas vezes”, explica Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães. Franco, que foi ministro da Aviação Civil do primeiro mandato de Dilma, acredita que as eleições municipais de 2016 servirão como uma “etapa” na caminhada rumo à candidatura própria, e que será a oportunidade de “testar” as alianças e estratégias eleitorais. Seu trabalho atual é exatamente contribuir para organizar o partido, “para que ele apresente um candidato competitivo para a presidência da República em 2018”.

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