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Lula: “Vamos mostrar que o PT está machucado, sim, mas bem vivo”

Petista lê discurso lido e diz que PT é alvo "maior campanha de difamação da história"

Lula na Bahia.
Lula na Bahia.Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Nada anima mais os militantes petistas do cerrar fileiras na defesa de seu partido. E isso ficou claro em dois momentos na noite desta quinta-feira durante a abertura do V Congresso Nacional do PT, em Salvador. Um, foi para reclamar e rebater um oposicionista provocador. O outro, para aplaudir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em seu discurso atacou a imprensa brasileira que um dia havia decretado a morte da sigla.

No primeiro caso, centenas de delegados e autoridades do PT reagiram à provocação do líder do grupo Revoltados Online, Marcello Reis. Ele apareceu no hotel onde ocorre o congresso petista vestindo uma camiseta preta com os dizeres “Impeachment Já”. Reis foi cercado pelos petistas que gritavam o nome de Lula ou o do próprio partido. A situação quase acabou em agressão física, enquanto o oposicionista filmava os petistas com um celular e fazia o sinal com uma das mãos de que eles eram ladrões. Reis foi cercado e teve de ser escoltado, pela turma do deixa-disso até o elevador, onde seguiu para seu apartamento.

Horas mais tarde Lula fez o seu papel de animador da militância. Começou elencando uma série de reportagens e artigos que tratavam do fim do PT. “Neste mês, completam dez anos que a imprensa brasileira começou a decretar a morte do PT.” Seguiu dizendo que sempre depois dessas notícias, o PT obteve resultados positivos nas urnas, como a sua reeleição, em 2006 e as duas eleições de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. “Estamos aqui para mostrar que o PT continua vivo e muito preparado para os debates. Machucado, sim, mas bem vivo. Enfrentando a mais sólida campanha de difamação de um partido político já sofreu neste país.”

Lula fez algo incomum durante seus pronunciamentos. Na maior parte do tempo leu o discurso e insistiu em algumas frases de efeito que tiveram resultado junto à plateia: “Estamos vivos, de cabeça erguida, na perspectiva de construir um país muito melhor. O PT continuará vivo, enquanto os trabalhadores desse país continuarem sonhando com uma vida melhor. Por isso, temos a obrigação de olhar para o futuro, de continuar semeando a esperança”.

Ao reclamar da imprensa, o ex-presidente citou as centenas de demissões de jornalistas nas principais revistas e jornais nos últimos anos, disse que os empresários de comunicação não sabem administrar seus veículos, apesar de quererem tratar da gestão de um país, e voltou a ressaltar a importância das bases do PT. “O que esses jornalistas e seus patrões não conseguem entender é que a força do nosso PT vem do profundo enraizamento com a nossa querida sociedade brasileira.” Enquanto o líder petista discursava, dezenas de militantes se viravam para os jornalistas que acompanhavam o ato e gritavam vez ou outra, “Fora, Globo. Fora, Veja”.

Vaias ao anfitrião

Se Lula foi ovacionado pela militância, o anfitrião do evento, o governador baiano Rui Costa, foi alvo de vaias durante sua fala. Quando ele começou a discursar, um grupo de dez jovens gritava a palavra Cabula. Esse é o nome de um bairro onde 12 pessoas foram assassinadas por policiais militares durante um suposto confronto. Na ocasião da chacina, Costa defendeu a ação dos PMs, subordinados ao seu Governo, e disse que em casos contra criminosos, a polícia precisa se comportar como um “artilheiro” de frente para o gol.

“Não podemos aceitar que nossos valores sejam jogados fora. O mais importante é a defesa da vida. O governador deveria defender uma apuração rigorosa desse caso, antes de se manifestar a favor dos policiais”, explicou Matheus Cardoso, um dos jovens que protestou.

“Estamos aqui para lavar a roupa suja. É no Congresso do PT que podemos dizer o que achamos certo ou errado. Por isso, vaiamos nosso governador”, afirmou o militante Jerberson Josué. Costa teve de parar de falar em algumas situações. Defensores dele bateram boca com os manifestantes.

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