_
_
_
_
_
El acento
Texto no qual or author defends ideias e chega a conclusões is based on its interpretação dos fatos ou dado

Amigos e inimigos no cartel da OPEP

A Arábia Saudita manda; o petróleo barato é uma ameaça para a produção não convencional

EFE

A Arábia Saudita manda. A OPEP é sua casa, como ficou claro na sexta-feira, quando o cartel do petróleo decidiu discretamente prolongar a tática de manter os preços baixos para salvaguardar ou ganhar participação de mercado. O cartel não sairá da cota de produção, oficial e fictícia, de 30 milhões de barris por dia. Todos sabem que a produção real está acima dos 31 milhões de barris por dia (alguns sugerem que chegue ao 31,5 milhões) e que é esse excesso que está atrasando o ajuste do mercado a preços mais altos. O mercado mundial reage para se acostumar aos preços baixos (entre 61 e 63 dólares) e, ao mesmo tempo, evitar que caiam mais ainda; os agentes especulam que, no fim do ano, o preço do barril poderá chegar a 70 dólares com o ajuste paulatino da oferta (excessiva) à demanda (crescente), em parte porque se conta que a produção a custos mais altos desaparecerá da oferta. E, portanto, não importa enviar a superprodução atual para as reservas. O preço será maior no futuro, supõe-se. Mas são especulações.

Mais informações
China supera EUA como maior importador mundial de petróleo
Carlos Slim tenta conquistar o mercado petrolífero do México
Venezuela corta remessa de petróleo à Petrocaribe e Cuba

O que se trava no mercado do petróleo é uma luta política. Se a política for entendida como ações para ganhar poder, a Arábia Saudita está pressionando para impor o poder do cartel e seu próprio dentro da organização. Até o momento, está ganhando. Aplica a estratégia de “excesso de oferta”, sabendo que no curto prazo novos problemas surgirão. Por exemplo, com o Irã. Os iranianos querem produzir mais, e assim o anunciaram; mas os sauditas sabem que qualquer aumento de produção iraniana equivale a uma queda de sua própria produção. E provavelmente não estão dispostos a aceitar tal situação. Essa é a confrontação política à qual se deve prestar atenção nos próximos meses.

Se a política for entendida como a distinção essencial entre amigo e inimigo, como argumentou Carl Schmitt, a OPEP confirmou na sexta-feira quais são seus inimigos: chamam-se fracking (fratura hidráulica) e produção não convencional. A queda dos preços liquida a viabilidade econômico-financeira das novas tecnologias de exploração do óleo cru. Abaixo dos 80 dólares o barril, o fracking não é rentável; e as explorações mais caras também não. É irrelevante envolver-se hoje em uma discussão sobre décimos. É até possível que os concorrentes tecnológicos da produção convencional sobrevivam aos 80 dólares; mas o que está claro é que, a 60 dólares, não há investimento que consiga se sustentar. Ganham Arábia Saudita e o cartel.

Sendo assim, este novo equilíbrio no mercado mundial pode ser insustentável para alguns países. Por exemplo, para a Venezuela, ainda que o princípio seja aplicável a qualquer país que tenha o petróleo como produto único. A perda de receitas pela queda dos preços —o óleo cru compra aceitação social— implica aumentar a dívida externa em curto e médio prazos. Enquanto se administram os créditos, brota o conhecido risco regulatório. Os Governos podem decidir que as petroleiras estrangeiras que operam no país têm de pagar mais. Em impostos, em contrato, em dinheiro ou em suborno.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_