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Messi, prodígio biomecânico

O argentino é o jogador que mais desequilibra partidas no mundo

Lionel Messi e Paul Labile Pogba.
Lionel Messi e Paul Labile Pogba.Andreu Dalmau (EFE)

Quando Alfredo di Stéfano descrevia aquilo que mais lhe chamava a atenção em Lionel Messi, se inclinava para frente, sorria com malícia, e gesticulava dando toquinhos com a mão no ar enquanto fazia um estalo com a língua contra os dentes. “Tic-tic, tic-tic...! Ele leva a bola assim colada no pé. Dando toquinhos. Tic-tic, tic-tic...!”.

Messi se diferencia pelo tamanho compacto. A passada curta. A alta frequência de movimentos concentrados em curtos espaços de tempo. Os defensores demoram a reagir a seu passo. Essa qualidade faz com que seja muito difícil cometer uma falta nele, e torna ainda mais complicado derrubá-lo. As estatísticas comprovam. Apesar de ser o jogador que mais desequilibra os jogos no planeta, Messi sofreu apenas um pênalti na Liga espanhola e um pênalti na Champions nessa temporada. É superado por Agüero (3 pênaltis), Götze, Tévez, e Luis Fabiano (2) na Champions. Na Liga, Ronaldo (4 pênaltis), Neymar e Vitolo (3); Bueno, Sergio García, Luis Suárez, Canales, Aduritz, Wellington, Bifouma, Godín, Chicharito e Charles (2) provocaram mais penalidades máximas.

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Jorge Valdano atribuiu a explicação mais esclarecedora a Johan Cruyff. “Johan”, conta Valdano, “diz que Messi da um passo a cada 30 centímetros, e, por isso, cada vez que pisa tem a possibilidade de mudar a direção ou mudar de ideia, e isso permite a ele ter o dobro de ideias do que alguém com 1,90 metro. Os apoios constantes permitem que ele vire de forma diferente”.

O próprio Cruyff destaca o grande atributo biomecânico do argentino. “Seu segredo”, afirma, “é a velocidade de sua mudança de ritmo; troca de direção a cada meio metro. Quando o defensor da um passo, ele já deu dois em duas direções diferentes. Tem técnica; domina a relação tempo-espaço, é habilidoso, arranca sempre primeiro e sua explosão permite que não seja pego quando arranca primeiro, o que acontece sempre”.

"Seu segredo", diz Cruyff, "é que muda de direção a cada meio metro. Quando o defensor da um passo, ele já deu dois em duas direções"

“Ele faz uma coisa muito rara”, afirma Marcelo, lateral brasileiro do Real Madrid, “não sei como explicar. Sai de um, de dois, de três. Não sei o que ele faz, como se movimenta com a bola. Não é possível pará-lo com chutes”.

O neuropsicólogo Joan Forns apresenta sua teoria com um discurso científico. “Ele processa a informação espacial a uma velocidade vertiginosa. Sua coordenação motora é sublime ao driblar e realizar lançamentos e passes precisos. Ele tem muitas capacidades cognitivas combinadas: planejamento, coordenação, sequenciamento, flexibilidade e, inclusive, antecipação aos movimentos do rival. E tudo isso em curtos intervalos de tempo. Não se destaca, por outro lado, em outras habilidades cognitivas: nem na linguística nem na comunicação.

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