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Barcelona, antes e depois de Cruyff

O Barça reduziu a distância que o separa do Real Madrid Domina o futebol desde que passou a aplicar as ideias do treinador holandês

Ramon Besa
Messi conduz a bola entre a defesa do Atlético, durante o partido do domingo no Calderón.
Messi conduz a bola entre a defesa do Atlético, durante o partido do domingo no Calderón.Andres Kudacki (AP)

Há um antes e um depois de Johan Cruyff na vida do Barcelona. Os azuis-grenás ganharam mais Ligas (13 edições) desde a estreia do treinador holandês, em 1990, do que em toda a sua história antes da chegada dele ao Camp Nou (10 títulos), um período que vai de 1928 a 1985, ano do reinado do Terry Venables, que terminou com a fatídica final de Sevilha em 1986. Não é uma questão numérica, oportunista ou aleatória, e sim esportiva: desde que passou a aplicar a lógica futebolística criada com Cruyff, o Barça tem muito mais sucesso do que o Real Madrid, que segue o critério comercial do dirigente Florentino Pérez. Os azuis-grenás conquistaram cinco títulos nos últimos sete anos, 7 em 11 temporadas, ou 13 desde 1990, contra 7 do Real nesse quarto de século. Antes de 1990, o Real tinha uma vantagem de 25 x 10 sobre o Barça em títulos espanhóis; agora, viu essa margem cair para 32 x 23. O Real foi reconhecido pela FIFA como o melhor clube do século XX, mas perdeu o cetro depois da virada do milênio, período em que o Barça domina com sete títulos da Liga, contra cinco do time merengue. Mesmo na Champions League, torneio em que o Real é o maior vencedor (10 títulos), a vantagem neste século é do Barça: 3 x 2.

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O estilo e o modelo

Apesar de a relação de Cruyff com o Barcelona ser variável —idílica nos tempos de Joan Laporta e inexistente sob Sandro Rosell—, seu rastro futebolístico é inquestionável, definido sobretudo pela posse da bola e o domínio da partida e expresso na figura do meia-armador, com três atacantes: um 4-3-3. O modelo evoluiu tanto nos últimos anos que o próprio Cruyff chegou a manifestar dúvidas sobre a contratação de Neymar e posteriormente a de Luis Suárez. “Não sei como funcionarão dois galos no mesmo galinheiro”, observou. Essa referência tática, porém, foi mantida sob Van Gaal, Rijkaard, Guardiola, Vilanova e Luis Enrique —ou seja, tanto com os treinadores cúmplices de Cruyff como com seus críticos.

Igualmente decisiva foi a influência de jogadores com características opostas, caso de Ronaldinho e Messi. Nunca faltaram, no entanto, jogadores que determinassem esse estilo a partir de diferentes posições: Milla e Guardiola como volantes centrais e Xavi a partir da ponta direita. Xavi, aliás, ganhou oito Ligas, uma mais que Messi, e já tem tantos títulos como Paco Gento: 23. Xavi será homenageado no próximo sábado no Camp Nou antes da sua transferência para o Qatar. A saída do capitão levará à inscrição de um novo meio-campista, supostamente a partir de janeiro de 2016, quando terminar a sanção da FIFA.

Nunca faltaram jogadores que determinassem esse estilo a partir de diferentes posições: Milla e Guardiola como volantes centrais e Xavi a partir da ponta direita

A punição não impediu, porém, que o Barcelona se reforçasse até completar um ataque extraordinário: Messi, Luis Suárez e Neymar. O clube azul-grená ganhou a disputa com o Real pelo brasileiro, cuja contratação ainda está sendo avaliada pela Justiça espanhola. Depois, o Barça se aproveitou do desinteresse do Real por Suárez —à época suspenso durante quatro meses por ter mordido um adversário na Copa do Mundo— e o contratou. Ou seja, o Barcelona mostrou que sabe competir em condições de igualdade também no mercado de contratações, que Florentino parece controlar tão bem.

As contratações do destituído diretor esportivo Zubizarreta funcionaram —Ter Stegen, Bravo, Rakitic, Suárez, Mathieu, Rafinha—, e existe no Camp Nou a sensação de que há elenco para continuar disputando títulos em curto prazo. A prioridade é confirmar a continuidade de Luis Enrique e dar um jeito de que Messi continue sendo feliz, pois isso é a chave do sucesso, como especulou Guardiola. Mudam os jogadores e mudam os treinadores, mas o Barça continua firme nas ideias deixadas por Cruyff.

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