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Petrobras cai na bolsa com incertezas sobre alcance da Lava Jato

Ibovespa opera em forte queda puxada pela baixa acentuada das ações da estatal

Sede da Petrobras no Rio.
Sede da Petrobras no Rio.Silvia Izquierdo (AP)

A divulgação do balanço do terceiro trimestre da Petrobras com perdas de 21,6 bilhões de reais não foi bem recebida pelo mercado, que ainda está digerindo os números, incluindo as perdas apuradas de 6,2 bilhões de reais, em função do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato. A bolsa de Valores de São Paulo abriu em queda, nesta manhã quinta-feira, principalmente puxada pela baixa acentuada das ações da estatal. Na abertura da bolsa, as ações mais negociadas da Petrobras tinham queda de 5,87%, a 12,37 reais, enquanto as ordinárias caiam 2,18%, a 13,02, reais. “Ainda não há resposta para todas as dúvidas dos investidores”, diz o especialista Clodoir Vieira. “Há dúvidas sobre a capacidade de gestão desta nova diretoria, sobre a capacidade de geração de caixa e também não está muito claro o alcance da Lava Jato”, afirma Vieira.

Em entrevista a jornalistas na noite desta quarta-feira, o presidente da companhia, Aldemir Bendine, disse que não sabe se haverá novas perdas apuradas depois das investigações iniciadas pela operação Lava Jato. Para calcular as perdas com a corrupção, a estatal considerou a aplicação de um porcentual fixo de 3% sobre o valor total de todos os contratos realizados entre 2004 e 2012, com base nos depoimentos feitos pelos empresários e ex-funcionários da Petrobras arrolados nas investigações conduzidas pelo promotor Sergio Moro. Para a economista Camila Abdelmalack, da Capital Markets, esse montante ainda pode ser maior. "Os dirigentes tentaram amenizar a situação dizendo que, em maio, parte dos recursos desviados poderiam voltar para a companhia, mas sabemos que, como as investigações prosseguem, esse montante de superfaturamento ainda pode ser maior. O que se percebeu também é o nível da estatal está elevado e isso preocupa o investidor", afirma.

Ainda segundo a economista, a divulgação, mesmo com atraso de cinco meses e mostrando o pior prejuízo da empresa desde 1991, representa um certo alívio para a estatal já que evitará o pagamento da dívida. "Também diminui o risco de rebaixamento da nota do Brasil", explica. Clodoir Vieira concorda que o mais importante é o balanço ter sido apresentado. “Agora o mercado tem uma informação clara”, diz ele.

Mas, restaurar a confiança perdida vai levar um tempo, acredita Vieira. Isso porque a Petrobras ficou em meio a decisões políticas no passado que a prejudicam hoje, como o atraso para repassar o aumento dos custos do petróleo quando estava em alta no ano passado, para atender ao compromisso do Governo de não afetar a meta da inflação. “Agora, o petróleo está em baixa e a empresa não repassa essa redução porque está amarrada a um compromisso de recuperar caixa”. conclui. O especialista reconhece que o prejuízo apurado pela empresa foi bem mais alto do que o mercado esperava, o que colabora para a inseguraça dos investidores.

Depois da abertura, as ações recuperaram parte do valor, mas ainda estavam em queda de 4,34% em comparação ao preço dos papeis de quarta. Ao final do dia, porém, depois de uma conferência com analistas de mercado, a empresa voltou a subir na bolsa. As ações ordinárias fecharam com alta 5,63% e as preferenciais fecharam com queda de 1,52%.

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