Público-alvo do MPL, periferia dá pouco fôlego para ato contra tarifa
Cerca de 100 pessoas fecharam vias de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo
Cerca de 120 pessoas, de acordo com integrantes do Movimento Passe Livre, fecharam algumas vias de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, na tarde desta terça-feira para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público. O ato, que começou na Praça do Forró e durou cerca de duas horas, ocorreu ao mesmo tempo em outros dois lugares da cidade: Campo Limpo, na zona sul, e Pirituba, na zona noroeste da capital. Segundo a Polícia Militar, 40 pessoas estiveram em Pirituba e, no Campo Limpo, a PM informou não ter registro de manifestação.
"Atos regionais são sempre menores", disse Marcelo Hotimsky, do MPL. "Mas a ideia é ser um ato de diálogo, vamos conversando com a população ao longo das ruas", disse. Para ele, o comportamento repressor da Polícia Militar contribui para que o movimento não cresça neste ano, como cresceu em 2013. "Em 2013 vimos que funcionou bem esse modelo de manifestação no centro da cidade, mas ele se desgastou porque fomos muito reprimidos", afirmou. "A postura da polícia afasta o manifestante. As pessoas dizem para mim que não vão aos atos por medo da polícia, que, hoje, está muito mais repressora que em 2013."
A estratégia do MPL de fazer um trabalho de base nas periferias da cidade ainda não mostrou grandes resultados, ao menos no que diz respeito ao tamanho das manifestações. Ainda assim, o movimento resiste e segue marcando assembleias e protestos nas regiões mais afastadas do centro. "Muita gente reclama que não tem dinheiro para sair daqui [da periferia] e ir até o centro se manifestar", diz Hotimsky.
Diferentemente das manifestações maiores, que, antes de sair em marcha fazem uma assembleia para decidir o percurso, essa de São Miguel Paulista já tinha um trajeto definido em uma reunião prévia. Da Praça do Forró, em frente à estação de trem de São Miguel, o ato marchou até a estação do Itaim Paulista.
A passeata atraiu olhares curiosos. As pessoas que estavam nos pontos de ônibus não aderiram ao movimento, mas filmaram e tiraram fotos. Um senhor passou reclamando: "Vão protestar em Brasília e parem de atrasar a vida dos outros", disse, bravo. "Tinha que ser contra o Alckmin [o protesto]", disse a dona de casa Irene dos Santos Cerqueira, que havia ido buscar o filho na escola.
Não houve repressão da polícia, e nem ocorrência alguma. "O pessoal é super gente boa, desde o começo estabelecemos um diálogo e eles cumpriram o combinado", afirmou o capitão da operação, Major Hélio. Cerca de 60 policiais estavam presentes.
A agenda do MPL segue com atividades na periferia. Nesta quarta-feira, haverá manifestação no Jardim Novo Horizonte I e II (na zona leste). Porém, o sétimo "Grande ato contra a tarifa" está marcado para esta sexta-feira, com concentração em frente à Prefeitura, no centro.
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