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Indonésia executa brasileiro condenado por tráfico de drogas

Marco Archer foi fuzilado neste sábado; Dilma, que fez apelo por ele, se disse 'indignada'

Marina Rossi
Polícia acompanha brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira durante uma coletiva de imprensa em Jakarta, em 2003.
Polícia acompanha brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira durante uma coletiva de imprensa em Jakarta, em 2003. Bay Ismoyo (AFP)

Foi executado neste sábado o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, que havia sido condenado, em 2004, à pena de morte na Indonésia por tráfico de drogas. Cardoso tentara entrar no país com 13,4 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa-delta. A execução ocorreu às 0h31 já do domingo no país Asiático (15h31 de sábado em Brasília).

Essa é a primeira vez que um brasileiro é executado por condenação no exterior. Juntamente com Cardoso, outras cinco pessoas (sendo quatro estrangeiros, da Nigéria, Maláui, Holanda e Vietnã) foram mortas, todas por fuzilamento, que é a maneira como as execuções são feitas no país desde 1964.

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A execução ocorreu um dia depois de a presidenta Dilma Rousseff entrar em contato com o presidente da Indonésia Joko Widodo para pedir a suspensão do fuzilamento. Widodo afirmou que compreendia a preocupação de Dilma, mas que a decisão já estava tomada

A presidenta divulgou nota na tarde deste sábado na qual se disse "indignada" com a morte, ainda que "reconhecendo a gravidade dos crimes que levaram à condenação de Archer e respeitando a soberania do sistema jurídico indonésio". O texto informa que o Governo brasileiro decidiu chamar o embaixador do Brasil em Jacarta para consultas, um procedimento diplomático para demonstrar insatisfação.

Outro brasileiro aguarda pela condenação no país, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Goulart, também por tráfico de drogas.

Última visita

Cardoso era solteiro e não tinha filhos. Maria de Lourdes Archer Pinto, de 61 anos, tia de Cardoso, era sua parente mais próxima já que os pais dele já faleceram. Ela foi visitar o sobrinho às pressas antes do cumprimento da condenação. "Quero que ele tenha certeza de que eu fiz tudo aquilo que pude e lutei para que não houvesse esse desfecho tão trágico", disse ela ao jornal Folha de S. Paulo.

Em depoimento ao cineasta Marcos Prado, que está fazendo um documentário sobre essa história, Cardoso pede clemência. "Eu sei que errei", dizia ele. "Cometi um erro gravíssimo, mas mereço uma segunda chance. Todo mundo erra."

Neste sábado, uma equipe de jornalistas da emissora Globo teve seu passaporte retido pelo Governo da Indonésia. O repórter Márcio Gomes e o cinegrafista filmavam o porto de Cilacap, de onde saem as balsas rumo à ilha de Nusa Kambangan, onde será a execução. Com o argumento de que o local é uma área restrita, eles chegaram a ser detidos, mas já foram liberados. Seus passaportes, porém, não foram devolvidos ainda. O Itamaraty está tentando ajudar a resolver a questão, por meio da embaixada do Brasil na Indonésia.

Indonésia no corredor da morte

Ao mesmo tempo em que o Governo da Indonésia nega clemência à  pena de Cardoso, trabalha duro para evitar que a Arábia Saudita execute Satinah Ahmad, uma trabalhadora doméstica indonésia que está no corredor da morte daquele país, condenada por roubo e pela morte de seu empregador. Segundo a Folha de S. Paulo, o Governo da Indonésia teria feito um apelo formal à Arábia Saudita e a família de Ahmad teria pago 1,9 milhão de dólares à família da vítima pelo perdão.

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