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Brasileiro será executado neste sábado por tráfico na Indonésia

Marco Archer foi condenado à morte em 2004 e esgotou seus pedidos de clemência De acordo com o advogado do brasileiro, só intervenção de Dilma poderia adiar fuzilamento

Polícia acompanha brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira durante uma coletiva de imprensa em Jakarta, em 2003.
Polícia acompanha brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira durante uma coletiva de imprensa em Jakarta, em 2003. Bay Ismoyo (AFP)

Pela primeira vez um brasileiro pode ser executado por fuzilamento no exterior. O governo da Indonésia informou que irá executar o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, na noite do próximo sábado (17). A informação foi confirmada por Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria Geral do país à Folha de S. Paulo.

O brasileiro foi preso em flagrante no aeroporto de Jacarta, na capital do país, ao tentar passar pela fronteira com 13 kg de cocaína escondidos dentro dos tubos estruturais de uma asa-delta, em 2003. No ano seguinte ele foi condenado, e desde então estava detido. No país asiático sentenciados à morte podem fazer apenas dois pedidos de clemência e a segunda solicitação de Marco já  foi negada pelo presidente da Indonésia, Joko Widodo.

Ainda de acordo com o jornal, o governo da Indonésia não respondeu aos apelos do governo brasileiro, que interveio com uma mensagem da presidente Dilma Rousseff para Widodo. Fontes do governo afirmaram que desde a época do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil tenta negociar um pedido de clemência. Segundo Utomo Karim, advogado pago pelo governo brasileiro para defender Marco, só a intervenção da presidenta poderia adiar a execução do brasileiro.

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Procurado pelo EL PAÍS, o Itamaraty afirmou que o Governo brasileiro continua mobilizado, "acompanhando estreitamente o caso e avalia todas as possibilidades de ação ainda abertas". O Ministério das Relações Exterior disse ainda, em nota, que o Governo manterá reserva sobre as decisões tomadas.

Outro brasileiro, o surfista Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, também está no corredor da morte no país. Ele foi detido em 2004 portando 6kg de cocaína em uma prancha de surf e também teve rejeitado seu pedido de clemência. Sua execução ainda não foi marcada, mas já não há recursos legais que impeçam seu fuzilamento.

Transferência

Segundo Karim, Marco ficará isolado na prisão de Pasir Putih ( a 400km da capital) até o sábado. O advogado disse à Folha de S. Paulo que seu cliente ficou "chocado" ao ser informado da execução iminente. Sem filhos e com os pais mortos, somente uma tia do brasileiro está na Indonésia acompanhando o caso.

Ex-governador de Jacarta, Joko Widodo assumiu a presidência em outubro e implantou uma política de tolerância zero para traficantes, prometendo executar os condenados por esse tipo de crime. Ele tem apoio da população, amplamente favorável à pena de morte.  Segundo ele, as execuções são necessárias porque o país “está em um estado de emergência com as drogas”. Quando Marco foi flagrado com a droga, tentou fugir, o que desencadeou uma perseguição policial cinematográfica transmitida ao vivo pelas tevês de todo o país.

Nascido no Rio de Janeiro e instrutor de asa-delta, Marco diz que a venda da droga serviria para pagar uma dívida contraída com um hospital em Cingapura. Em 1997, ele caiu de um parapente em Bali e teve que ser transferido para o país vizinho. Segundo o brasileiro, ele não conseguiu pagar todo o tratamento e era constantemente cobrado.

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