Calendário Pirelli mais fetichista
Fotógrafo Steven Meisel e a estilista Carine Roitfeld assinam o calendário de 2015, que pela primeira vez inclui modelo ‘plus size’
Doze modelos, um fotógrafo de reconhecido prestígio na indústria da moda, uma estilista midiática, uma maquiadora de renome e um vestuário com o látex como protagonista. Esses são os ingredientes do coquetel explosivo do Calendário Pirelli 2015. Se no ano passado abriram o baú de recordações com fotografias de Helmut Newton tiradas em 1986 e no ano anterior não apareceram mulheres nuas, agora o almanaque contou pela primeira vez com o olhar de Steven Meisel por trás da objetiva, que devolveu ao calendário sua versão mais clássica: 12 fotografias para 12 meses com todo o protagonismo para a sensualidade e o erotismo das mulheres, potencializado quase ao extremo pela criadora do pornô chic Carine Roitfeld.
O exclusivo calendário, também conhecido como The Cal, que na sua 42ª edição teve apenas 17.000 exemplares, foi apresentado na manhã de terça-feira no auditório dos escritórios centrais da empresa de pneus em Milão, uma sala no interior de uma chaminé, no que foi a primeira fábrica da marca na capital da moda italiana. Não poderiam faltar à apresentação algumas das modelos do momento que colocam o rosto nos meses do próximo ano: a brasileira Isabeli Fontana (com essa, sete vezes garota Pirelli), Gigi Hadid e Saha Luss, que apareceram pela primeira vez nas páginas do legendário calendário que nasceu em 1964 – interrompido somente em 1967 e entre 1975 e 1983 –. Mas um nome eclipsou o resto neste ano: Candice Huffine, a modelo de 30 anos que com seu manequim 46, e sua foto de uma perfeita dominatrix com corpete negro de látex e os seios à mostra, se transformou na primeira manequim plus size a aparecer no calendário.
“Sou uma mulher forte e confiante, e pode-se ver isso na minha foto”, disse Huffine na tarde de segunda-feira em uma entrevista com jornalistas, orgulhosa de seu corpo com curvas. Para a modelo, seu último trabalho é mais uma amostra de que as barreiras na indústria da moda pouco a pouco vão desaparecendo. Ela recebeu a ligação dizendo que iria aparecer no calendário Pirelli enquanto estava em sua casa (provavelmente de moletom, disse). E a única coisa que pôde balbuciar foi “obrigada”. Nesse projeto, o fotógrafo não somente teve a sua disposição um orçamento mais do que adequado, como também total liberdade criativa para as fotos e pôde escolher as modelos para o que se tornou um calendário famoso no mundo todo, um almanaque que chegou a ser exposto em museus e alcançar elevadas cifras em leilões. Meisel quis voltar a trabalhar com quem lançou para a fama em uma capa da Vogue Itália em julho de 2011 – de fato, com exceção de Gigi Hadid, já fotografou todas as outras modelos –. Mas sobretudo quis mostrar ao longo das enormes páginas do calendário que a beleza feminina não é só de um tipo: está nas morenas, loiras, ruivas, jovens e também mulheres de 40 anos, em mulheres magras ou com curvas.
Inspirado por Brigitte Bardot, Mulher-Gato e Raquel Welch, quase sem decoração ou acessórios, sem que seja possível reconhecer nenhum país ou cidade e sem uma mensagem como em edições anteriores, durante cinco dias do mês de maio, em um estúdio da cidade de Nova York, desfilaram Natalia Vodianova (que tirou a roupa para as câmeras poucas semanas depois de dar à luz seu quarto filho), Carolyn Murphy, Cameron Russel, Adriana Lima, Raquel Zimmermann, Karen Elson, Joan Small e Anna Ewers. Somente um fio condutor está presente nas doze fotografias: a sensualidade, o brilho e a potência de um material tão erótico como o látex.
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