Alerta de catástrofe
Depois do relatório da ONU, é imprescindível coordenar um acordo mundial para reduzir as emissões poluentes
Depois do relatório da ONU sobre os catastróficos efeitos das emissões de gases poluentes já não restam desculpas nem razões para adiar um acordo coordenado entre os países a fim de reduzir as emissões de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso gerados pelos combustíveis fósseis. O Painel Intergovernamental contra a Mudança Climática (IPCC) acaba de alertar, respaldado por todas as evidências científicas que é possível dizer hoje, que, se se quiser evitar danos catastróficos óbvios no planeta, será preciso reduzir entre 40% e 70% as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e eliminá-las por completo até 2100. A ONU não deixa espaço para negar as evidências, nem para postergar indefinidamente.
É possível que, entre os Governos dos países desenvolvidos, esteja crescendo a consciência de que o consumo maciço de combustíveis fósseis para o transporte, a indústria e a climatização está prejudicando as condições de produção de alimentos, de fornecimento de água e até de sobrevivência. A UE, por exemplo, está cumprindo seus compromissos de redução de emissões. Mas não basta. Nessa tarefa devem envolver-se a fundo os Estados Unidos, a China e a Rússia. Todas as zonas econômicas mundiais devem coordenar políticas intensivas de substituição progressiva de energias derivadas do petróleo por energias mais limpas.
Não é um projeto simples; de fato, é bastante complicado mesmo em escala nacional. Exige calcular quanto custa substituir o petróleo e seus derivados por outras energias menos poluentes e mais caras em um prazo aproximado de 80 anos; e definir como essa substituição será financiada. Requer, ainda, dar autoridade às instituições que devem organizar a negociação do consenso para que essa mudança seja possível e estabelecer sistemas para comprovar o cumprimento. A ONU tem razão; a questão é se há instrumentos políticos para corrigir a situação.
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