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‘Glamour’ nas nuvens

Viagem fotográfica pelo mundo da aviação desde os anos 30

Em 1910, os irmãos Wright realizaram o primeiro voo comercial da história, uma viagem entre Dayton e Columbus, nos Estados Unidos. Mas não seria até os anos 1920 e 1930 que embarcar se tornaria algo cotidiano... para os ricos. No início, voar era uma coisa para gente abastada. Por isso, os aeroportos, esteiras e corredores estavam cheios de glamour. Na foto, duas mulheres se maquiam em um avião nos anos 1950.Airline: style at 30.000 feets
Tudo que cercava a indústria da aviação era como uma passarela carregada de referências e inspiração. A princípio, pelo elitismo dos passageiros; depois, pelos trajes dos pilotos e aeromoças. Na imagem, um grupo de tripulantes da Delta Airlines em 1969.Delta
O desenho dos uniformes masculinos foi inspirado em referências militares. A aviação civil surgiu do desenvolvimento e das pesquisas que a indústria militar havia realizado durante anos, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial. Para não se complicar demais, as companhias pegaram esses modelos e pediram a estilistas que o redesenhassem, cortassem ou adaptassem. As cores escolhidas para essa revisão: azul, cinza ou verde. Na imagem, um grupo de comissários a ponto de embarcar, em 1930.Airline: style at 30.000 feets
Antes da Segunda Guerra Mundial, as aeromoças eram comuns em barcos e trens. Sua vestimenta tinha vínculos estéticos com as roupas que as serviçais usavam nos castelos e mansões da nobreza. Nos exclusivos aviões não havia moças. Em 1930, Ellen Church convenceu a Boeing a deixá-la atender as 18 pessoas que voavam em um de seus aviões, um 80A. Ela foi a primeira aeromoça da história da aviação. Na imagem, um dos primeiros grupos de aeromoças em um Boeing nos anos 1930.Airline: style at 30.000 feets
Ellen Church vestia uma saia justa que ficava logo abaixo do joelho, um casaco abotoado, luvas leves e sapatos confortáveis. A Swissair foi a primeira companhia europeia a copiar a ideia norte-americana. A Lufthansa foi a seguinte. A companhia alemã fez pequenas variações estéticas com relação ao uniforme original com a finalidade de que as aeromoças fizessem parte da identidade corporativa da empresa; um anúncio que falava e caminhava. Na foto, duas funcionárias da British European Airlines posam junto a um dos aviões da empresa.Airline: style at 30.000 feets
Em 14 de dezembro de 1927, a Iberia Aérea realizou seu primeiro voo. Horacio Echevarrieta havia fundado a empresa alguns meses antes com o apoio de Primo de Rivera. Somente em 1946 a companhia decidiu incorporar as aeromoças em seu primeiro voo transoceânico, que conectava Madri a Buenos Aires; foram as primeiras da Espanha. Na imagem, uma publicidade da Iberia dos anos 1960 em que se identificam valores da companhia com a Espanha.Iberia
O primeiro uniforme destas moças na Iberia também era inspirado no Exército: era feito a partir de tecido de pára-quedas e tinha um cinto e quatro bolsos. Na cabeça, uma variação do cap de soldado ou um chapéu armado. A vestimenta estava disponível em duas cores: branco para o verão e azul marinho para o inverno. Na imagem, tripulação de um voo da companhia em 1946.Iberia
O termo jet set, cunhado no final dos anos 1950 pelo jornalista de fofocas norte-americano Igor Cassini, representava os valores e a maneira de viver de um pequeno grupo de pessoas que viajavam de avião de um lugar para o outro, a elite. As aeromoças formavam, de uma forma ou de outra, parte desse grupo de pessoas. Na foto, a vida na primeira classe de um Boeing 747, em 1971.Airline: style at 30.000 feets
O Boeing 707 revolucionou a aviação. Ainda que não tenha sido pioneiro em receber um grande número de pessoas, foi o primeiro a ser rentável. Podiam viajar nele até 100 passageiros. À medida que os aviões aumentavam de tamanho, as funções das aeromoças cresciam. Assim, começaram a ser associadas com a segurança no ar. Na imagem, uma aeromoça da Iberia com um dos uniformes que Elio Berhanyer desenhou para a companhia.Iberia
Além de atender durante o voo, a partir deste momento elas seriam responsáveis por dar as boas-vindas aos passageiros ao voo. Uma tarefa que até então estava reservada ao capitão. As aeromoças tinham passado de elemento publicitário a embaixadoras da empresa, e seus uniformes se converteram em um dos elementos mais representativos das companhias aéreas. Na imagem, uma aeromoça da United Airlines, em 1968, conversando com uma passageira.Airline: style at 30.000 feets
As companhias começam a se preocupar mais com as vestimentas. A Iberia, por exemplo, encarregou Pedro Rodríguez, em 1954, de fazer o desenho de seus novos uniformes. Rodríguez levou elegância ao desenho militar. Em 1962, em plena efervescência hippie, abandonou as referências ao Exército e apostou na estilização da indumentária. Na imagem, à esquerda, uniforme “tropical” desenhado pela Maison Virginie para a Air France. À direita, um de Jean Patou que era usado apenas no Concorde, avião símbolo da companhia.Air France
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Mary Wells decide contratar o estilista Emilio Pucci para que idealize os uniformes das assistentes de voo da Braniff International. A premissa: sexo é a mensagem. “Quando um homem de negócios sobe em um avião, acreditamos que merece ver uma mulher bonita”, diz Wells. O modelo criado por Pucci em 1968, além de ser vanguardista, se tornou um símbolo de status. Na imagem, o desenho de Emilio Pucci de 1965 para a companhia aérea Braniff.Braniff
A ligação entre a alta costura e aviação se consolida em 1968. A Air France encomendou o desenho daquele ano de seus novos uniformes ao mestre Balenciaga. A Iberia aposta em Pertegaz, e depois em Berhanyer. A Alitalia elege Mila Schön, que há tempos já vestia Marella Agnelli. Por sua vez, a Scandinavian Airlines confiou, em 1971, em Marc Bohan, estilista de Christian Dior, para desenhar as roupas de suas funcionárias. Na imagem, os uniformes desenhados por Balenciaga para a tripulação da Air France.Air France
A incorporação de grandes nomes da moda à aviação civil reforçou a ideia de que o corredor do avião era uma passarela de moda para inspirar damas e entreter cavalheiros. Com a desculpa de que o sexo vende mais assentos, as aeromoças se consolidam como mulheres-objeto, o que passa a ser motivo de críticas feministas. Na foto, uniforme de Pertegaz para a Iberia.Iberia
Os uniformes são redesenhados a cada dois anos para não perderem o vínculo com as tendências terrenas; a imagem pesa na hora de escolher as aeromoças, e a idade limite para exercer a função se instaura nos 30 anos. As aeromoças se equiparam no imaginário coletivo às modelos ou às estrelas. Na foto, dois homens fazendo a barba a bordo.Corbis
No final dos anos 1970, um novo avião da Boeing, o 747 ou Jumbo, com capacidade para transportar até 524 pessoas, muda tudo. A crise do petróleo obriga as empresas aéreas a venderem passagens mais baratas, tornando os voos acessíveis às famílias e aos mochileiros. A nova mensagem deixa a exclusividade de lado e aposta na confiança e na segurança. Os uniformes se tornam mais práticos. O glamour começa a desaparecer. Na imagem, um grupo de aeromoças da Delta com o uniforme oficial utilizado entre 1965 e 1968.Delta
A partir de posições do feminismo, movimento social consolidado, começam a chegar as críticas ao machismo imperante nas empresas aéreas. Exige-se regulação para que a estética não determine a escolha de uma aeromoça e para que uma mulher com mais de 30 anos possa trabalhar em um avião. Na foto, a equipe de cabine da KLM.KLM
Voar agora tem a finalidade de se chegar a algum lugar, não é mais pelo fato de subir em um avião. A criatividade dos anos 1960 e 1970 fica para trás. Em 1978, Ralph Laurent volta às origens militares do uniforme em seu desenho para a TWA. Na foto, uma aeromoça da United Airlines durante um voo nos anos 1970.United Airlines
Durante os anos 1980 e 1990, os uniformes se tornam mais profissionais e fazem referências ao mundo dos negócios. Comodidade, eficiência e conforto dominam o desenho dos trajes em contraponto à imaginação de outras épocas. Na imagem, equipe de cabine da Qantas vestida com uniforme utilizado entre 1986 e 1994. Um desenho de Yves Saint Laurent.Quantas
Em 1993, o museu Madame Tussauds de Londres exibiu a primeira estátua de cera de sua coleção inspirada em um personagem do mundo comercial: uma aeromoça da Singapore Airlines. A Singapore Girl, como é conhecida, era um ícone. Sua vestimenta, inspirada na cultura local, se impôs em 1972, quando as aeromoças ainda destilavam glamour. A escolha foi considerada uma sinalização do Ocidente ao crescimento econômico que a Ásia experimentava naquela época. Na foto, equipe de cabine da Singapore Airlines na atualidade. Os vestidos são variações do modelo dos anos 1970, que nunca foi aposentado por completo.Singapore Airlines
Em julho passado, a Virgin Airlines apresentou os uniformes que encomendou a Vivienne Westwood; uma proposta chique (na imagem). A Qantas apostou, também neste ano, em entregar suas vestimentas a Martin Grant. Duas lembranças daquela sensação romântica, de algumas décadas atrás, que se tinha ao embarcar em um avião.Virgin Airlines