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Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

O tempo de Israel está se esgotando

Governos europeus não querem defender o indefensável

Primeiro foi o novo Governo sueco, que, no dia 2 de outubro, anunciou que reconheceria o Estado palestino. Depois, veio o Parlamento britânico que, em uma votação imposta pelos parlamentares trabalhistas na segunda-feira, se posicionou — 274 votos contra 12 — a favor do mesmo reconhecimento. A decisão sueca não foi improvisada e nem surgiu do vazio, pois, sua nova ministra de Relações Exteriores, Margot Wallström, foi comissária europeia e conhece perfeitamente a posição da UE sobre a questão e quais são as consequências desta decisão unilateral por parte da Suécia. Algo parecido pode ser dito em relação ao Parlamento britânico: o Reino Unido não é apenas um dos países que mais apoiaram Israel nas últimas décadas, mas também um dos mais sensíveis diante do terrorismo jihadista. O fato de Ed Miliband, líder da oposição em um país com assento permanente no Conselho de Segurança, se juntar a essa demanda de reconhecimento unilateral é um reflexo do rumo que as coisas estão tomando para o Governo israelense.

Israel sempre viveu sob uma ameaça existencial. Houve um tempo em que a hostilidade de seus vizinhos árabes, empenhados em negar sua existência, foi motivo que não gerou dúvidas na hora de recorrer à guerra. Depois, foi o terrorismo do Hamas e outras organizações semelhantes que semearam atentados suicidas em Israel. Finalmente, foram as palavras do então presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, negando o Holocausto e apoiando o desenvolvimento de um programa nuclear militar que geraram indignação. Mas, enquanto Israel derrotava militarmente seus vizinhos, bloqueava os terroristas com uma série de muros e conseguia fazer com que a comunidade internacional (China e Rússia incluídas) se unisse para forçar os iranianos a cancelarem seu programa de enriquecimento de urânio, o país negava o fato de como o apoio internacional estava se esgotando até praticamente desaparecer.

A última campanha militar israelense em Gaza, com o desastroso balanço de vítimas civis que deixou para trás, foi a gota d´água que transbordou o copo da paciência de muitas chancelarias europeias. Os Governos europeus, e até o pró-israelense Governo norte-americano, estão fartos de ter que defender o indefensável. Ao descontentamento com Israel por seus excessos em Gaza se soma agora a retomada do programa de assentamentos e do confisco de terras na Cisjordânia, uma medida que mostra a impunidade do Governo de Netanyahu, convencido de haver tomado as rédeas em relação aos europeus e de poder comandá-los de acordo com seus desejos.

Em todas estas idas e vindas, Israel vem se esquecendo de algo essencial: a perda de legitimidade internacional é tão ou mais perigosa que todas essas ameaças existenciais. Na mente de muitos, já faz tempo que Israel, em seu trato com os palestinos, cruzou a linha que o coloca do mesmo lado de regimes como o da África do Sul do apartheid. Agora, essas atitudes, internamente críticas, mas silenciosas em público, estão emergindo, tornando-se conhecidas e se convertendo em políticas de reconhecimento unilateral da Palestina. Instalado em uma falsa sensação de segurança, Israel não parece notar a mudança na percepção da opinião pública europeia e suas consequências. Mas a realidade é que seu tempo está se esgotando e que, se continuar assim, acabará sendo um país pária, isolado e empestado internacionalmente.

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