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A nova safra dos EUA é cósmica

Irving e Harden lideram o recital da equipe norte-americana, que finaliza com chave de ouro um torneio espetacular e repete o título após deixar a Sérvia como mera testemunha

Robert Álvarez
Os jogadores dos Estados Unidos, celebrando sua Copa do Mundo em Madri.
Os jogadores dos Estados Unidos, celebrando sua Copa do Mundo em Madri.alejandro ruesga

O rolo compressor norte-americano esculpiu na final de Madri e diante de uma Sérvia absolutamente superada o final de um campeonato soberbo, uma das demonstrações de poderio mais esmagadoras que se tem notícia. Irving não é Westbrook, Curry não é Kobe Bryant e Harden não é LeBron James. E assim poderíamos continuar até completarmos os doze jogadores de Coach K neste Mundial. Mas essa nova safra da NBA, com atletas entre 21 e 26 anos, a maioria deles ainda alguns degraus abaixo do deificado Olimpo da NBA, concluiu diante da bravíssima e admirável seleção da Sérvia um feito assombroso.

Os jogadores norte-americanos reclamaram a posse do título, que veio após nove partidas espetaculares com uma grande demonstração final liderados por Irving e Harden. Foi o segundo ouro consecutivo dos Estados Unidos na história dos Mundiais, o quarto ouro em seus quatro últimos torneios internacionais, a vitória número 63 seguida desde a derrota para a Grécia nas semifinais do Mundial do Japão de 2006.

EUA, 129 - SÉRVIA, 92

EUA: Irving (26), Curry (10), Harden (23), Faried (12), Davis (7) -equipe inicial-; Rose, Thompson (12), Cousins (11), DeRozan (10), Gay (11), Drummond (6) e Plumlee (1).

Sérvia: Teodosic (10), Markovic (3), Kalinic (18), N. Bjelica (18), Raduljica (9) -equipe inicial-; Jovic (6), Krstic (4), Bircevic, Bogdanovic (15), Simonovic, Katic (2) e Stimac (7).

Árbitros: Seibel (Can), Viator (Fra) e Ryzhyk (Ucr). Bjelica foi eliminado por cinco faltas pessoais (min. 35).

Inacessível e demolidora, a equipe de Coach K aniquilou em um piscar de olhos o promissor início da equipe de Sasha Djordjevic. Sua reação foi fulminante, apesar de Anthony Davis precisar ir para o banco carregado de faltas provocadas pelo desconcerto defensivo inicial de sua equipe. O ataque sérvio, sincronizado, com rápidas circulações de bola e agressivo na hora de buscar a cesta, realizou o início sonhado: 7-15 no marcador, a equipe norte-americana desconcertada e sem ritmo, Davis com meio pé fora da partida por conta das faltas pessoais. Coach K acertou seus jogadores com um tempo, colocou Cousins para preservar Davis de males maiores e a máquina disparou.

Irving, armador dos Cavaliers, o número um do Draft de 2011, o MVP do último All Star Game, ditou o ritmo de jogo, sem que Teodosic ou Markovic pudessem com ele. Penetrou como uma cobra para o aro, disparou uma rajada de bolas de três sem erro – acabou com seis de seis e 26 pontos – e animou sua equipe. Harden seguiu a corrente, Cousins foi forte no rebote e dentro do garrafão e os Estados Unidos repetiram as fulgurantes acelerações das partidas anteriores. O que para uma equipe em um bom momento e perfeitamente concentrada na partida como a Sérvia custou um esforço tremendo nos quatro minutos e meio iniciais, para os Estados Unidos bastou duas pinceladas e pouco mais de um minuto.

A lista de títulos

Os Estados Unidos conquistaram ontem à noite em Madri seu quinto ouro em 17 campeonatos mundiais (1954, 1986, 1994, 2010 e 2014).

A ex-Iugoslávia está agora empatada com os EUA, com cinco triunfos (1970, 1978, 1990, 1998 e 2002)

A ex-URSS possui três vitórias (1967, 1974 e 1982)

Brasil, dois ouros (1959 e 1963)

Espanha, um ouro (2006)

Argentina, um ouro (1950)

Os Estados Unidos tomaram a dianteira com uma parcial de 15-0 (22-15) e a partir daí começou um monólogo. Diferenças abismais foram abertas no marcador. A Sérvia não encontrou maneira humana para deter a enxurrada que lhe caiu em cima. 10, 20, 30, 40 pontos de diferença. O primeiro tempo não havia acabado e boa parte do público começou a gritar em coro “Peça demissão Orenga!”, provavelmente referindo-se à batalha que a melhor equipe da história do basquete espanhol poderia travar com a nova safra da NBA.

Depois que a Espanha ficou próxima de conseguir derrotar os EUA nas duas últimas finais olímpicas de Pequim e Londres, o Mundial era visto como o momento ideal para o terceiro episódio culminante da rivalidade. A Espanha fracassou. Os Estados Unidos, a equipe mais jovem da competição, com uma média de pouco mais de 24 anos e com um armador que saía de dois anos de inatividade como Rose – o único que não pontuou na final contra a Sérvia –, se mostrou imbatível do começo ao fim do torneio.

Destroçou a Finlândia no primeiro dia por 59 pontos de diferença e sucessivamente outros sete rivais antes de chegar na final, sem que nenhum deles pudesse resistir ao seu jogo vibrante e assombroso. Os Estados Unidos voltam a colocar um abismo entre seu jogo e o do resto do mundo. Saiu do torneio revalorizado, sem um arranhão sequer, flamante. Essa nova safra de Irving, Harden e Davis se mostrou digna sucessora do autêntico e único Dream Team, o de Magic Johnson, Michael Jordan e Larry Bird em 1992.

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