A Apple lança o iPhone 6 e o Apple Watch, seu relógio de pulso inteligente
A empresa apresenta dois novos modelos de celular com tela maior e um relógio com aplicativos
Emotividade e teatralidade. A Apple apelou ao senso de espetáculo para apresentar seus novos celulares. Num teatro universitário, Tim Cook abriu o show recordando o idolatrado Steve Jobs, que ali, há 30 anos, apresentou o computador Mac e mais tarde o iMac. Procurava rejuvenescer essas glórias com uma frase: “Hoje é um dia chave para a Apple”. Em seu tom grandiloquente, prosseguiu: “Vamos falar do aparelho que mudou nossas vidas”. Em 2013, foi o modelo mais vendido em todo o mundo. Não houve atraso, e sim muito marketing: “O maior iPhone até hoje”.
A nova geração não tem arestas na parte posterior; assim como o iPad Air e iPad Mini, é arredondado. Rompendo a tradição, saíram dois tamanhos: iPhone 6 e iPhone 6 Plus. Mantém-se a tela Retina, como a Apple chama a sua tecnologia de alta resolução, mas passam de quatro polegadas de tela para 4,7 e 5,5, em seus respectivos modelos. São também mais finos.
Apple Watch, o relógio de pulso
Mas a verdadeira revolução chegou quase uma hora depois do começo da apresentação, quando vieram as palavras mágicas: “One more thing” (mais uma coisa), a frase clássica de Steve Jobs. “Este produto vai redefinir o que se espera desta categoria. O próximo capítulo na história da Apple”, disse, com voz embargada.
Um relógio com zoom, de design extremamente caprichado e autonomia para mais de um dia. A recarga é feita pela parte traseira, com um cabo magnético. Dá a hora, claro, muda de país automaticamente, mas é necessário ter um iPhone para que as demais funções se ativem. Muito interessante, mas não deixa de ser um acessório. Sairá no começo de 2015, a partir de 349 dólares (795 reais).
“Pegamos o iPhone e o colocamos no pulso”, insistiu. Dá para fazer zoom usando a roda lateral, como quando se dava corda nos primeiros relógios. Uma metáfora do mundo analógico com resultados digitais, na tela. A roda serve também para mover as configurações e para confirmar, ao pressioná-la para dentro.
As pulseiras e coroas vêm em diferentes cores. Do básico ao modelo esportivo, mais resistente, ou o edition, banhado em ouro.
Os acenos da Apple ao mundo da moda são constantes há um ano, quando foi contratada uma executiva-chefe vinda da Burberry, Angela Ahrendts. Agora, nesta semana, entrou em seu quadro o designer Marc Newson, para fazer parte da equipe do idolatrado Jony Ive. Antes já vieram Paul Deneve, da Saint Laurent, e Patrick Pruniaux, da firma suíça de relógios Tag Heuer. Depois desta apresentação, faz muito mais sentido.
Preços salgados
Voltando ao iPhone 6, perde-se a essência vertical do aparelho, pois, ao girá-lo, movem-se também os aplicativos, não só o conteúdo, como nos iPads. Uma melhora que parece menor, mas servirá para poupar tempo, é a inclusão de botões para copiar e colar no teclado.
Segundo a empresa, o processador é 84 vezes mais rápido que o primeiro iPhone e 50% mais eficiente. Cifras que, no papel, soam bem, mas que só farão sentido se servirem para dar maior autonomia ao aparelho. A bateria, até agora, foi um dos grandes defeitos do celular da Apple.
A Apple se mantém no topo dos preços. Sairá com 200 operadoras em todo o mundo, todas obrigadas a oferecerem conexão 4G e gestão das chamadas de voz simultaneamente. As cores estão mantidas: dourado, prateado e cinza. Além disso, a Apple lança uma coleção de capas de silicone em seis cores e de capas de couro em cinco cores para os novos modelos. Os preços vão de 199 a 399 dólares para os modelos de 16, 64 e 128 gigas de iPhone 6, e 100 dólares a mais para o modelo Plus. A empresa ainda não divulgou os preços dos modelos sem vinculação a uma operadora. Começarão a ser vendidos em 19 de setembro em nove países. Os celulares poderão ser encomendados da próxima sexta-feira.
Os novos modelos recuperam os cantos arredondados, têm uma nova tela de alta definição e incluem melhoras na câmera fotográfica, segundo Cook. O iPhone 6 tem mais de um milhão de pixels, e o iPhone 6 Plus, mais de dois milhões. O iPhone 6 tem uma tela de 4,7 polegadas de diagonal, maior que as quatro polegadas do iPhone 5. Já o iPhone 6 Plus tem tela de 5,5 polegadas.
A maior superfície permitiu emagrecer grandemente o telefone, dos 7,6 milímetros do iPhone 5 para o 6,9 milímetros do iPhone 6 e 7,1 milímetros do iPhone 6 Plus.
Cook citou a maior velocidade de seus processadores, o menor consumo de bateria e a maior rapidez dos gráficos. A Apple assegura que os jogos no iPhone 6 Plus têm maior resolução do que na próxima geração de consoles específicos para games.
Voz, câmera e barômetro
O aparelho possibilita navegar em grande velocidade e seus sistemas de voz, através da banda larga, permitem uma grande qualidade de comunicação, segundo a empresa.
O telefone possui um barômetro para medir a pressão do ar e um aplicativo de saúde integrado ao novo iOS 8, o sistema operacional do telefone.
A empresa diz que a câmera melhorou notavelmente, com 8 megapixels, um diafragma de 2,2 de abertura e um sensor completamente novo que permite um foco melhor. A câmera frontal para fazer selfies permite tirar até 10 fotos por segundo e tem sensores para reconhecer melhor os rostos e escolher o momento adequado para tirar uma foto de alta resolução. A companhia disse que foram introduzidas também enormes melhoras na câmera de vídeo.
Os novos telefones funcionam com o sistema operacional iOS 8. A empresa destacou seu sistema de mensagens, que permite acrescentar com facilidade voz, vídeo e localização. O novo sistema operacional estará disponível para download gratuito a partir de 17 de setembro e pode ser utilizado com modelos anteriores a partir do iPhone 4S, do iPad 2 e o iPod Touch de quinta geração. O iOS 8 inclui o reconhecimento de impressão digital e outras melhorias.
Apple Pay, uma nova forma de pagamento
A Apple quer mudar a forma de pagamento. “A carteira, com seus cartões de crédito, tem mais de 50 anos”, disse o executivo. Os iPhone 6 terão em seu interior os dados dos cartões de crédito de seu dono. Será necessário verificá-los com o banco. Depois, bastará confirmar o pagamento ao passar o telefone pelo caixa da loja e confirmar com a impressão digital. O escândalo pelo vazamento de fotos de famosas na semana passada parece ter feito a empresa enfatizar a segurança.
“O Apple Pay é fácil, seguro e privativo”, disse a companhia após os últimos problemas com a nuvem. “É mais seguro do que levar os cartões na carteira”, disse um diretor. Se o telefone for perdido, é possível cancelar o uso dos cartões com esse dispositivo sem necessidade de cancelar os cartões.
A Apple aproveitou a base de clientes do iTunes. Além disso, funcionará com American Express, Visa e MasterCard e com os principais bancos. Será inicialmente lançado em outubro nos Estados Unidos e depois será disponibilizado para outros países. O mecanismo virá integrado nos dois novos modelos de telefone.
As ações da Apple voltaram a superar hoje os 100 dólares (228 reais) com a apresentação do iPhone 6 e do Apple Watch. A cotação da empresa está situada na zona dos valores máximos históricos, com um valor de mercado que beira os 600 bilhões de dólares (1,37 trilhão de reais), o que converte a empresa fundada por Steve Jobs e agora dirigida por Tim Cook na companhia mais valiosa do mundo.
A Apple manteve intacta sua estratégia de se dirigir somente ao segmento mais alto do mercado, enquanto sua grande rival, a Samsung, lançou modelos com um nível de entrada muito mais baixo. O mercado recompensou ultimamente a estratégia da Apple, depois que em 2013 surgiram dúvidas sobre se ela perderia muito terreno para sua rival coreana.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.