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A Argentina denuncia por suposto terrorismo uma empresa dos EUA

Cristina Kirchner acusa uma empresa gráfica que faliu e despediu 400 operários por supostos vínculos com os fundos abutres

A.R.
Trabalhadores da R. R. Donnelley na Argentina.
Trabalhadores da R. R. Donnelley na Argentina.Victor R. Caivano (AP)

A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, anunciou nesta quinta-feira que seu Governo denunciou na justiça de seu país a empresa gráfica norte-americana Donnelley por suposta violação da lei antiterrorista. Donnelley havia pedido no último dia 8 a um juiz argentino que declarasse sua filial local em falência e na segunda-feira última amanheceu com a bancarrota já aceita, sua fábrica na Grande Buenos Aires (periferia da capital) fechada e ao redor de 400 operários na rua.

Cristina Kirchner afirmou que por trás da Donnelley está a mão de um dos fundos abutres que conseguiu a sentença contra a Argentina nos EUA, o NML do norte-americano Paul Singer. Aquela sentença impediu que o país sul-americano pagasse no dia 30 de julho passado sua dívida reestruturada em 2005 e 2010 porque não pagou também esse fundos especulativos que tinham rechaçado o refinanciamento do passivo em default desde 2001.

Cristina disse que o NML tinha 13% das ações da Donnelley, que globalmente fatura mais de 21 bilhões de reais e emprega 55.000 pessoas, mas que as vendeu a outro fundo norte-americano, BlackRock. A presidenta argentina acusa o NML e o BlackRock de dividirem negócios em várias sociedades. “Existe uma rede quase mafiosa em nível internacional”, opinou a chefa de Estado em um ato no qual anunciou outra medida para reativar a economia em estagflação (recessão e alta inflação), concretamente, a construção de 105.000 moradias sociais até 2015.

A companhia Donnelley fechou na segunda-feira a sua filial na Grande Buenos Aires, que foi reaberta dois dias depois pelos operários

“Fizemos uma denúncia penal na justiça federal por alteração da ordem econômica e financeira”, explicou a presidenta Kirchner, que acusou a Donnelley de forjar uma crise supostamente inexistente. Também criticou o juiz que declarou a falência em apenas três dias e anunciou uma apresentação contra a empresa na Comissão de Valores dos EUA (SEC, segundo a sigla em inglês). A lei antiterrorista da Argentina foi aprovada por exigência do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) para aumentar as penas contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. Está voltada contra aqueles que tentem “aterrorizar a população”.

Os operários da Donnelley tomaram a fábrica na cidade de Garín e a colocaram para funcionar na quarta-feira sob o formato de uma cooperativa, como muitas das chamadas empresas recuperadas do colapso argentino de 2001. A atual crise do país sul-americano não se pode comparar com as dimensões daquela queda acontecida há treze anos.

O NML, enquanto isso, ainda não se manifestou sobre as complicadas negociações para vender a dívida argentina em default a bancos internacionais que procuram desativar a moratória de Buenos Aires. Por outro lado, outro fundo abutre norte-americano, Aurelius, afirmou na quarta-feira que “não existe perspectiva realista” de algum acordo com esses bancos, Citigroup, JP Morgan, Deutsche Bank e HSBC que, por sua vez, nesse mesmo dia enfrentava em Buenos Aires uma ação de busca e apreensão em seus escritórios pedida pelo Ministério da Fazenda argentino por suposta lavagem de dinheiro. Fontes financeiras disseram, na quinta-feira, à agência Reuters que “as conversas pareciam ter fracassado” por desacordos sobre o valor da dívida e a falta de garantia de que o governo de Cristina Kirchner, que finaliza em dezembro de 2015, vá cumprir em algum momento com a sentença da Justiça dos EUA.

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