A economia alemã desacelera pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia
O índice de confiança das companhias alemãs sofre a pior queda desde junho de 2012
O impacto econômico dos conflitos globais, em especial a perigosa crise ucraniana e a débil recuperação econômica da zona do euro, frearam o dinamismo mostrado pela economia alemã nesse ano, conforme disse nessa terça-feira o ministério de Economia e Energia em um documento oficial, mas o ministério dirigido pelo socialdemocrata Sigmar Gabriel não deu detalhes concretos. "Depois de um forte primeiro trimestre, há uma desaceleração no segundo trimestre", assinala o Governo de Angela Merkel em seu relatório mensal.
"Em particular, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e o desenrolar dos acontecimentos no Oriente Médio provocaram uma insegurança crescente nos mercados, o que conduziu a uma moderação na tomada de decisões", acrescenta, ainda que destaque que os fundamentos da economia alemã continuam intactos.
O relatório confirma o que já demonstrou na quinta-feira passada o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que advertiu que os riscos geopolíticos – com o conflito da Ucrânia como principal ameaça para a zona do euro – implicavam novos riscos para a reativação e que provavelmente será confirmado nessa quinta-feira quando será conhecido o índice do PIB da zona do euro.
"No conjunto, o ambiente da economia piorou sensivelmente. Entretanto a tendência positiva básica da conjuntura econômica alemã continua intacta", alerta o documento, o qual vê como provável que a situação de incerteza que existe atualmente esteja pesando mais que os efeitos imediatos das sanções impostas à Rússia pela União Europeia. O estado de ânimo atual levou a uma piora dos pedidos, a produção e as vendas em uma indústria que já é débil por si só.
O relatório mensal frisa, por exemplo, que a maioria das companhias alemãs indicam uma deterioração em sua confiança. Esse aspecto foi ratificado pelo indicador de confiança econômica da Alemanha elaborado pelo instituto europeu de pesquisas econômicas ZEW, que caiu pelo oitavo mês consecutivo para os 8,5 pontos, 18,5 a menos que julho, refletindo sua pior queda desde junho de 2012. "A piora do clima econômico está vinculada às atuais tensões geopolíticas internacionais", assinala o instituto, ao fazer referência à guerra de Gaza e ao entrelace de sanções entra a União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia por conta da situação na Ucrânia.
Alguns especialistas acreditam que a economia alemã poderia contrair-se no segundo trimestre pela primeira vez desde o final de 2012 e após uma forte expansão de 0,8% no primeiro trimestre.
"A maior economia europeia sofre uma gripe de verão", disse Marco Wagner, economista do Commerzbank, citado pela agência DPA, que se atreveu a prognosticar uma queda do PIB no segundo trimestre provocada pela produção industrial que cresceu de maio para junho apenas 0,3% e não 1,2%, como era esperado pelos analistas.
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