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Detida uma jovem que iria se juntar à jihad na fronteira do Marrocos

A jovem de 19 anos que a acompanhava é libertada sem fiança

Fernando J. Pérez
O juiz Santiago Pedraz, ao chegar à Audiência Nacional espanhola.
O juiz Santiago Pedraz, ao chegar à Audiência Nacional espanhola.Fernando Alvarado (EFE)

A menor de 14 anos detida na segunda-feira em Melilha ao tentar cruzar a fronteira com Marrocos para se juntar a uma célula jihadista no Iraque é um exemplo da lavagem cerebral a que as redes fundamentalistas islâmicas submetem seus seguidores. Segundo fontes judiciais, a adolescente foi enviada por ordem judicial a um centro de detenção juvenil depois que admitiu estar determinada a integrar-se ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

Aisha (nome fictício) declarou que atravessaria a fronteira para Nador e, dali, seria transferida para o Iraque "em cerca de dois ou três dias", de acordo com fontes presentes em seu interrogatório. A menor, que até quatro meses atrás era uma garota "normal", passou por um processo de recrutamento e radicalização, conduzido quase inteiramente através de fóruns jihadistas e redes sociais. A jovem, natural de Ceuta, começou seu caminho para o fundamentalismo terrorista em uma mesquita, onde se sentiu atraída, como ela mesma explicou, pelos sermões do imã.

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A menor, assim como a jovem de 19 anos que a acompanhava quando foi presa, é uma garota escolarizada que vive com sua família, segundo as fontes. De fato, foram seus pais que avisaram às autoridades quando ela desapareceu e alertaram sobre seus vínculos com a jihad. Inicialmente, a investigação foi conduzida como um possível caso de sequestro, segundo fontes jurídicas, mas logo se tornou um caso de adesão a uma organização terrorista.

Fauzia Allal Mohamed.
Fauzia Allal Mohamed.Ministerio del interior

A menor também admitiu que não era a única jovem recrutada para viajar a partir de Marrocos até as zonas em conflito. Três outras jovens, cujas identidades ela forneceu, fariam a viagem com ela, afirmou. Em determinado momento, a jovem quis recuar, mas seus recrutadores chegaram a fazer ameaças para convencê-la a seguir adiante.

O juiz da Audiência Nacional Santiago Pedraz deu liberdade provisória a Fauzia Allal Mohamed, de 19 anos, que estava com Aisha no momento da detenção. Fauzia negou qualquer vínculo com o terrorismo islâmico, segundo fontes consultadas. Aisha disse ter pedido a ajuda de Fauzia para atravessar a fronteira. A jovem liberada deverá comparecer semanalmente ao tribunal mais próximo de seu domicílio e, como está proibida de deixar o território nacional, teve seu passaporte confiscado. Fauzia Allal Mohamed também deve fornecer um endereço e número de telefone onde possa ser localizada de forma permanente e terá de comunicar qualquer mudança de domicílio.

As medidas cautelares foram decretadas pelo juiz Pedraz com a anuência do Ministério Público e da defesa da detida, que depôs na parte da manhã.

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