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O Banco de Portugal expulsa a família Espírito Santo do BES

A instituição suspende de suas funções três membros Anuncia que haverá denúncias quando acabar a auditoria

Uma sucursal do Banco Espírito Santo em Lisboa.
Uma sucursal do Banco Espírito Santo em Lisboa.EFE

Primeiro foram retirados da direção do banco e agora perderam o direito a voto. A família Espírito Santo foi expulsa de fato do banco que leva seu nome. O Banco de Portugal tomou esta decisão depois de serem conhecidas perdas de 3,57 bilhões de euros (10,8 bilhões de reais) no último semestre. Em um comunicado emitido na manhã desta quinta, o Banco de Portugal eliminou o direito a voto da família Espírito Santo que, através de seu grupo ESFG, ainda possui 20,1% das ações da entidade. A decisão se refletiu rapidamente nos mercados financeiros: as ações do grupo caíram 45% e as Bolsas reagem com perdas nesta jornada.

O governador Carlos Costa também decidiu “suspender, com efeitos imediatos, os membros dos organismos de administração com responsabilidades em auditoria e gestão de riscos, assim como os titulares dos organismos de fiscalização”. Esta suspensão afeta os atuais administradores Rui Silveira, António Souto e Joaquim Goes, que dirigiam essas áreas. Por enquanto serão substituídos temporariamente até que os acionistas proponham novos gestores na próxima assembléia geral.

O supervisor também decidiu indicar uma comissão de fiscalização composta por pessoas da PriceWaterhouseCoopers até que os acionistas promovam uma substituição dos membros da comissão de auditoria.

A intervenção do Banco de Portugal no coração executivo do Banco Espírito Santo é, independente do nome que seja dado, uma intervenção absoluta do Estado, por causa das perdas do banco e dos indícios de irregularidades nas contas semestrais. Também solicita ao atual administrador, Vítor Bento, que seja apresentado o quanto antes um plano de ampliação do capital já que sua atual proporção está 5% abaixo do mínimo aconselhado pelas autoridades europeias, que é de 9%. Depois da ampliação de capital no dia 16 de junho, o BES informou que a proporção era de 10,3%.

A ação chegou a cair 51%, a maior queda na história da Bolsa de Lisboa.

Especula-se que haverá uma ampliação superior aos 3 bilhões de euros. A pretensão de Bento é que seja inteiramente privada, mas segundo alguns analistas financeiros isso vai ser muito difícil. Merrion Stockbroker descarta a opção “completamente privada”, enquanto que o Credit Sight aposta que a ampliação de capital chegará aos 4 bilhões.

O Banco Central não descarta que depois de finalizada a auditoria em curso poderão surgir indícios de delitos dos membros do antigo conselho de administração, principalmente contra seus dois principais dirigentes, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires. Tanto o supervisor quanto Bento afirmaram que os responsáveis seriam levados aos tribunais se os atuais indícios forem confirmados.

Com essas perspectivas, às dez da manhã, quando as ações do banco começaram a ser negociadas, a queda foi instantânea. Chegou a cair 51%, cotando a 0,17 euros. Depois se recuperou até chegar a -24%. O BES arrastou todo o setor bancário e a própria Bolsa, mas sobretudo sua sócia Portugal Telecom, com -7%, que possui ao redor de 10% de uma participação que pretende vender, mas que vale cada vez menos.

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