Espionagem contra os amigos
A expulsão de um agente dos EUA pela Alemanha expõe velhas dificuldades de Obama
A decisão alemã de ordenar a saída do chefe da CIA em Berlim é um bom indicador do desagrado no Governo de Angela Merkel após a notícia de que dois cidadãos alemães (um agente do serviço secreto e um funcionário do Ministério da Defesa) atuavam como espiões para os norte-americanos. Não é a primeira vez que a Alemanha recorre a essa medida. Já havia sido assim em 1996, quando expulsou – embora esse termo seja cuidadosamente evitado por se tratar de países amigos – o chefe da inteligência norte-americana na Alemanha por espionar as relações da indústria nuclear local com o regime iraniano.
Em certo sentido, faz parte das regras do jogo. Entre nações aliadas, a espionagem não é um hábito lícito e, quando descoberta, é praticamente líquido e certo que um ou mais agentes secretos serão convidados a deixar o país e que, depois, o infrator pedirá desculpas. Em um momento em que a espionagem econômica e industrial é quase mais importante do que a militar, todos os Estados vigiam com a mesma atenção tanto os agentes dos potenciais inimigos como os teoricamente amigos.
Mas o que torna este caso peculiar, e grave, é que aparentemente os serviços secretos dos EUA não informaram o presidente Obama do que estava acontecendo com a Alemanha, de modo que, quando a chanceler alemã atendeu o que esperava ser uma ligação do norte-americano dando algum tipo de explicação ou desculpa, percebeu que Obama não tocava no assunto e insistia, como se nada tivesse acontecido, em uma tomada de posição comum sobre hipotéticas sanções à Rússia.
A espionagem, tanto no exterior como sobre seus próprios cidadãos, é algo que está criando constantes dores de cabeça à Administração Obama. As revelações de escutas maciças tanto contra líderes mundiais – entre eles a própria Merkel, cujo celular estava grampeado, conforme informações vazadas por Edward Snowden – como contra jornalistas e outros cidadãos dos Estados Unidos vêm abrindo conflitos domésticos e princípios de crises diplomáticas sobre os quais ele ainda precisa dar explicações detalhadas.
A Alemanha está em seu direito ao expulsar quem é flagrado em tarefas de espionagem– seja para países aliados ou não. E, mais importante, Obama tem a obrigação de saber o que seus serviços secretos estão fazendo.
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