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O insubstituível Khedira

O treinador alemão esperou com paciência que o meia se recuperasse de uma ruptura de ligamentos e usou-o com moderação até tirar o melhor dele na semifinal com o Brasil

Ramon Besa
Khedira comemora seu gol contra o Brasil nas semifinais.
Khedira comemora seu gol contra o Brasil nas semifinais.VANDERLEI ALMEIDA (AFP)

Embora tenha saído caminhando, Sami Khedira sabia que tinha se machucado feio no joelho depois de uma entrada em Andrea Pirlo durante o amistoso que no dia 15 de novembro passado a seleção alemão disputava contra a Itália em San Siro. O diagnóstico confirmou as sensações do jogador: ruptura do ligamento cruzado e do anterior. O prognóstico era que não voltaria a jogar antes de seis meses, de maneira que os meios de comunicação deram por finalizada sua temporada 2013-14. Não tiveram a mesma opinião Carlo Ancelotti ou Joachim Löw. Ambos resistiram à perda do volante porque o consideram insubstituível, uma espécie única, em perigo de extinção por sua capacidade para jogar por dois e se misturar com 10.

O treinador mandou que o médico da seleção, Hans-Whihlem Müller-Wohlfarth, controlasse a recuperação de Khedira para poder convocá-lo para a Copa do Brasil. O jogador não só foi incluído na pré-seleção de Löw, mas Ancelotti também o escalou na final da Champions contra o Atlético. Embora tenha sido substituído por Isco e sua presença tenha sido considerada como negativa para a mecânica de jogo do Madrid, Löw respondeu na Alemanha: "A viagem ao Brasil é um risco calculado. Sua personalidade e experiência são essenciais para a equipe. Ainda não está em seu melhor nível, mas vai estar. Não tenho dúvidas." A progressão do jogador desde então foi espetacular, até fazer uma partida memorável contra o Brasil.

Ele nos dá força nas partidas importantes por sua presença física e, além disso, é vertical quando encara o campo contrário"

Joaqüim Löw, treinador da Alemanha

“Era preciso ter cuidado com Sami”, raciocina Löw. "Tinha necessidade de parar a cada duas partidas mais ou menos, coisa lógica depois da lesão séria e portanto não podíamos pedir que disputasse no mesmo nível os sete encontros da Copa do Mundo. Era preciso dosificar seu esforço para conseguir o melhor dele nos momentos decisivos." Teve uma boa estreia contra Portugal, descansou contra os Estados Unidos, só disputou meia hora contra a Argélia e já completou uma boa atuação contra a França no pivô duplo com Bastian Schweinsteiger. A dupla contribui para o equilíbrio e o poder necessários para conter o rival e facilitar a subida dos virtuosos Kroos e Müller.

“Estamos falando de um jogador potente e dinâmico”, explica Löw. "Ele nos dá força nas partidas importantes por sua presença física e, além de tudo, é vertical quando encara o campo contrário". Foi o que se viu contra a equipe de Scolari, depois de uma atuação pletórica culminada com um gol. Acabou sendo impossível para os volantes locais conter Khedira. "Não só pressiona de maneira inteligente, também tem chegada", concordam seus companheiros, conscientes de que sua figura deixa feliz tanto a velha guarda alemã quanto os novos reitores do futebol, encabeçados por Löw. "Contribui com soluções ofensivas, projeta a equipe ofensivamente", insiste o técnico e "defende com personalidade".

Internacional desde setembro de 2009, quando substituiu Simon Rolfes em uma partida contra a África do Sul, aos 27 anos completou 51 encontros internacionais e marcou cinco gols, o último contra o Brasil. Khedira fez parte da equipe sub-21 que conquistou pela primeira vez, para seu país, o Europeu depois de golear a Inglaterra (4-0) na final de 2009. O volante foi o capitão de uma seleção na qual também estavam Neuer, Höwedes, Boateng, Özil e Hummels. Alguns treinadores viram em sua figura o jogador perfeito para substituir Michael Ballack. Junto com sua força, ele possui um bom controle da bola, muita determinação, generosidade e, além do mais, uma forte tendência ao silêncio.

Contribui com soluções ofensivas, projeta  equipe ofensivamente”, insiste o técnico

Não é casual que frente à arrogância de determinados meios alemães, que se perguntam se é necessário jogar a final contra a Argentina, Löw peça a Khedira para que o grupo se prepare com "humildade e concentração" para a partida do domingo. Ninguém está mais satisfeito que Florentino Pérez, que sente uma devoção especial pelo jogador de pai tunisiano que ficou conhecido internacionalmente no Stuttgart. Khedira não será apenas um esforçado anônimo que se recuperou a tempo para disputar a Copa do Mundo depois do choque com Pirlo, mas alguém que aspira a ganhar a final no Maracanã contra a Argentina de Leo Messi.

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