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O ACENTO
El acento
Texto no qual or author defends ideias e chega a conclusões is based on its interpretação dos fatos ou dado

Diplomacia cibernética

Os dirigentes do Google visitam Cuba

marcos balfagón

Como se fosse uma delicadíssima missão internacional, e depois de longos meses de preparo e negociações, quatro altos dirigentes de uma grande empresa norte-americana visitaram Cuba, onde se reuniram com representantes do governo e também da oposição. E como em toda ditadura que se preze, a visita não foi comentada oficialmente e a população só pôde conhecer os fatos por meio dos rumores que multiplicam e distorcem as escassas informações do exterior.

Mas, diferentemente de outros homens de negócios de diversas nacionalidades que visitam a ilha, esses quatro trabalham –sendo objeto de críticas, cometendo erros e criando polêmica como qualquer empresário– com um perigoso bem intangível capaz de fazer saltar pelos ares qualquer situação estabelecida. Ou melhor dizendo, com dois bens: conhecimento e informação. Por que os quatro visitantes são parte da cúpula do Google e a delegação está encabeçada por seu presidente, Eric Schmidt.

A visita parece à primeira vista algo como pregar no deserto. Cuba tem a taxa mais baixa de acesso à Internet na América Latina. As poucas pessoas que podem utilizá-la o fazem a preços estratosféricos com sistemas controlados pelo Estado, e um clique no lugar errado pode ter graves consequências. Quanto aos turistas estrangeiros, esses podem desfrutar esse serviço transformado em um privilégio, mas com uma lentidão exasperante, Para o regime de Havana, a Internet, e a liberdade que representa, é um inimigo do qual convém manter os cidadãos afastados.

Paradoxalmente, talvez o campo de jogo que a Internet representa é o que pode tornar útil a presença do Google em Cuba. O embargo decretado pelos EUA em outubro de 1060 demonstrou sua ineficácia para facilitar a queda do regime dos Castros. E as vias tradicionais só conseguiram alterar levemente a postura de Havana sobre as liberdades. O Google não é um libertador, mas a mercadoria que controla pode, sim, ser liberadora. Onde a diplomacia tradicional fracassou a diplomacia cibernética pode anotar agora um ponto.

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