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Seferovic deprime o Equador

Um gol do atacante suíço aos 48 do segundo tempo derruba a seleção sul-americana, muito punida por suas falhas no ataque

GORKA PÉREZ
Seferovic marca o segundo gol da Suíça.
Seferovic marca o segundo gol da Suíça.DAVID GRAY (REUTERS)

Suíça e Equador são duas seleções parecidas, com medos e complexos semelhantes, e com os defeitos conhecidos. Por isso o empate parecia algo pré-estabelecido, mecanizado. Tanto, que ele se manteve durante 92 minutos. No 93, no entanto, ele desapareceu. Seferovic decidiu que tanta igualdade não ajudava sua equipe, aspirante à segunda vaga do Grupo E, e deu a vitória à Suíça quando faltavam apenas alguns segundos para o fim do confronto, com um chute potente de dentro da área. Até então o placar mostrava um 1 a 1, com dois gols marcados em circunstâncias parecidas. As duas equipes levaram gols da mesma forma. Com atores diferentes, mas fazendo o mesmo papel. Domínguez e Benaglio, os goleiros, não saíram para espalmar uma bola alta, e a bola ficou na pinta para a melhor cabeça da vez, primeiro a de Enner Valencia, depois a de Mehmedi.

A falta de ousadia também foi dividida em partes iguais durante 92 minutos. As duas equipes mostravam falta de vontade em tratar de assustar o adversário. O Equador se movimentava timidamente sobre o gramado, como se tivesse medo de usar Montero e Valencia, suas duas melhores armas, fossem se desgastar antes da hora. Conformava-se em tapar seus buracos e manter-se organizada. Risco zero. Na Suíça, um pouco mais aberta, a imagem era de um time de cabeça alta, mas com o olhar curto. Confiava nos passes curtos, lentos, sem perigo. Apenas Shaqiri parecia decidido a sair desse estilo que parecia uma estrada com carros lentos. Na verdade, ele fazia isso porque era o único no esquema do técnico Otmar Hitzfeld que tinha liberdade para jogar assim.

A Suíça não causou muito problemas para o Equador – que defendia bem armado na defesa, sem alarde, chutando a bola para onde o nariz apontava –, até que se viu em desvantagem no placar. A seleção comandada por Reinaldo Rueda não joga com um estilo que se sustente por muitos movimentos automatizados. Apesar de contar com dois bons atacantes pelos lados, como Moreno e Valencia, e um centroavante potente como Caicedo, o jogo não se cria necessariamente a partir dos três. A Suíça tentava sufocar a saída de bola mais por presença do que por exigência física.

Suíços comemoram o gol da vitória.
Suíços comemoram o gol da vitória.DAVID GRAY (REUTERS)

Em um avanço de Montero pela ponta esquerda, aos 20 minutos, Lichtsteiner não teve opção que não fosse derrubar o jogador do Morelia. A cobrança de falta foi feita por Ayoví, e a cabeça de Enner Valencia mandou a bola para as redes do gol defendido por Benaglio. Os zagueiros suíços sumiram na jogada, especialmente Djourou, que se esqueceu de sua posição, e o goleiro do Wolfsburg, que decidiu não sair do gol.

O gol pareceu acelerar o ritmo dos suíços, que começaram a trocar passes com maior velocidade, sempre a partir de Shaqiri. Passaram a chutar com frequência de longa distância. Ricardo Rodríguez obrigou Domínguez a se agachar, algo difícil de ver em um goleiro muito confiante em seu cálculo de distâncias. O arqueiro equatoriano mostrou que seu 1, 96 metro de envergadura não eram uma garantia no jogo aéreo quando, no começo do segundo tempo, Mehmedi, 13 centímetros mais baixo, cabeceou após um escanteio na altura dos ombros do goleiro, que não conseguiu reagir.

Depois do gol de empate, a Suíça pareceu encontrar a velocidade necessária para chegar com mais perigo à área equatoriana. Mehmedi acompanhava com perigo as jogadas que quase sempre começavam com Shaqiri, meia do Bayern de Munique. Mas todos os chutes passavam longe do gol de Domínguez. O cansaço fez o Equador se cansar, e o time guardou as energias para algum contra-ataque, e pouco a pouco foi ficando cada vez mais em seu próprio campo. A Suíça poderia ter feito o segundo com Drmic, que recebeu passe de Rodríguez, mas o árbitro invalidou a jogada por impedimento, apesar de a bola ter sido desviada pela defesa equatoriana.

Com o passar do tempo, a equipe de Hitzfeld passou a ganhar mais posse de bola na reta final da segunda etapa. O técnico alemão colocou Seferovic no ataque para melhorar as finalizações, e foi isso que aconteceu. O atacante da Real Sociedad concluiu uma grande jogada de Ricardo Rodríguez pela esquerda, quando o Equador já não tinha mais pernas. Nem mesmos com duas equipes tão iguais o futebol torna-se previsível. E Seferovic mostrou isso mais uma vez, e no último minuto de jogo.

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