_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

A paz impossível

O diálogo entre Israel e os palestinos naufraga antes da anunciada unificação

As negociações entre Israel e os palestinos revividas há nove meses pelos Estados Unidos agonizavam antes de que Fatah e Hamas anunciassem sua reconciliação nesta semana e Benjamin Netanyahu respondesse abandonando as conversas de paz em um notável exercício de hipocrisia. Ao longo do enfraquecido processo, o primeiro-ministro israelense e a Autoridade Palestina têm torpedeado em numerosas ocasiões qualquer possível aproximação.

O fracasso da enésima tentativa de levar sensatez à região é um novo revés para Obama, embora o plano impulsionado por seu secretário de Estado estivesse condenado de antemão pela rejeição de Netanyahu —que não deu cartas a Mahmud Abbas para se sustentar— a frear a colonização de Cisjordânia e Jerusalém oriental. Seu lento naufrágio foi irreversível no mês passado, quando Israel anulou a última libertação de presos palestinos e anunciou centenas de novas casas em Jerusalém.

Logo saberemos se abre-se um novo cenário e é real a concordância entre os grupos palestinos, que romperam violentamente em 2007. As duas últimas vezes que os nacionalistas moderados do Fatah e os islamistas radicais de Hamas anunciaram sua reconciliação —Qatar, 2012, e Cairo, 2011— resultou em um fiasco. As circunstâncias do pacto atual, que prevê um Governo interino dirigido por Mahmud Abbas e eleições em seis meses, são diferentes. O presidente palestino busca recuperar ante os seus uma legitimidade escavada pelo fracasso com Israel. Hamas está encurralado por seu isolamento regional. O movimento fundamentalista que controla Gaza perdeu sua base em Damasco e um aliado crucial no Egito com a queda da Irmandade Muçulmana. Os generais egípcios consideram o Hamas um grupo terrorista e bloqueiam agora o corredor entre seu país e a faixa.

No melhor dos casos, os palestinos deverão construir com muito cuidado seu Governo de unidade. Uma coisa é badalar uma reunificação sem dúvida popular e outra iluminar um poder aceitável internacionalmente. Para a Autoridade Palestina, cuja sobrevivência financeira depende da ajuda exterior, não vai ser fácil vender uma aliança com uma organização catalogada de terrorista por EUA e Europa. Que a UE e Washington mantenham suas generosas subvenções implica que o Hamas se comprometa a respeitar acordos prévios da OLP, que incluem a renúncia à violência e o reconhecimento de Israel.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_