A paz impossível
O diálogo entre Israel e os palestinos naufraga antes da anunciada unificação
As negociações entre Israel e os palestinos revividas há nove meses pelos Estados Unidos agonizavam antes de que Fatah e Hamas anunciassem sua reconciliação nesta semana e Benjamin Netanyahu respondesse abandonando as conversas de paz em um notável exercício de hipocrisia. Ao longo do enfraquecido processo, o primeiro-ministro israelense e a Autoridade Palestina têm torpedeado em numerosas ocasiões qualquer possível aproximação.
O fracasso da enésima tentativa de levar sensatez à região é um novo revés para Obama, embora o plano impulsionado por seu secretário de Estado estivesse condenado de antemão pela rejeição de Netanyahu —que não deu cartas a Mahmud Abbas para se sustentar— a frear a colonização de Cisjordânia e Jerusalém oriental. Seu lento naufrágio foi irreversível no mês passado, quando Israel anulou a última libertação de presos palestinos e anunciou centenas de novas casas em Jerusalém.
Logo saberemos se abre-se um novo cenário e é real a concordância entre os grupos palestinos, que romperam violentamente em 2007. As duas últimas vezes que os nacionalistas moderados do Fatah e os islamistas radicais de Hamas anunciaram sua reconciliação —Qatar, 2012, e Cairo, 2011— resultou em um fiasco. As circunstâncias do pacto atual, que prevê um Governo interino dirigido por Mahmud Abbas e eleições em seis meses, são diferentes. O presidente palestino busca recuperar ante os seus uma legitimidade escavada pelo fracasso com Israel. Hamas está encurralado por seu isolamento regional. O movimento fundamentalista que controla Gaza perdeu sua base em Damasco e um aliado crucial no Egito com a queda da Irmandade Muçulmana. Os generais egípcios consideram o Hamas um grupo terrorista e bloqueiam agora o corredor entre seu país e a faixa.
No melhor dos casos, os palestinos deverão construir com muito cuidado seu Governo de unidade. Uma coisa é badalar uma reunificação sem dúvida popular e outra iluminar um poder aceitável internacionalmente. Para a Autoridade Palestina, cuja sobrevivência financeira depende da ajuda exterior, não vai ser fácil vender uma aliança com uma organização catalogada de terrorista por EUA e Europa. Que a UE e Washington mantenham suas generosas subvenções implica que o Hamas se comprometa a respeitar acordos prévios da OLP, que incluem a renúncia à violência e o reconhecimento de Israel.
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