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FINAL DA COPA DO REI

Tudo ou nada para o Barça

O time azul-grená sonha com o título da Copa do Rei ante o seu maior rival para salvar a temporada

José Sámano
A taça da Copa do Rei, em Valência.
A taça da Copa do Rei, em Valência.

Não há dois lados na mesma folha: é tudo ou nada para o Barça. Há anos, naquele velho Barça de Copas e Recopas, um Barça menor que a muitas gerações fará recordar bons momentos do passado, não havia melhor terapia que algum torneio desse calibre. O Barcelona de hoje está como o daquela época, com a Copa como remédio e o clube na fogueira. Não há outra saída, dados o seu deslize na Europa e a sua negligência no Campeonato Espanhol, onde a negligência o afetou fosse em Pamplona, Valladolid ou Granada. Os mesmos sintomas daquela equipe errática, vulnerável e vítima que antes da chegada ao banco de Johan Cruyff se esfolava ante o voo de uma mosca. Foi precisamente em uma final de Copa do Rei ante o Real Madrid, e em Mestalla, onde Cruyff, já treinador, salvou o seu posto; e também foi em uma decisão similar que Pep Guardiola começou a decolar rumo ao infinito. Mas Martino não é Cruyff nem Guardiola, e em suas primeiras aparições pela Europa assume o jogo de hoje como o maior desafio de sua carreira. Pela frente, o italiano Carlo Ancelotti, um técnico com uma extensa bagagem de finais nas costas e um Real Madrid para o qual a Copa sempre supôs um problema. Sobrevive na Champions e na Liga, mas outro golpe forte ante a equipe azul-grená deixará uma cicatriz no Real.

Nem o Barça nem o Real foram confiáveis nos grandes desafios da temporada. Em seus duelos diretos, venceram os jogadores do Camp Nou, mas ambos decepcionaram a cada vez que tinham um osso pela frente. Assim bem sabe Messi, do qual não há notícias desde sua visita a Chamartín. E não estará Cristiano Ronaldo, protagonista da última decisão entre ambos. Mas a sua baixa é mais aceitável para o Real do que as de seu rival na defesa, consequência do infortunio e da má administração do planejamento. Martino, o Barça, terão de improvisar. No último verão (do hemisfério norte), um e outro quiseram defender tanto as hierarquias —“esperarei Puyol”, disse Tata em um piscar de olhos no vestiário— que finalmente ficaram sem defesa: Piqué está quase descartado e há dúvidas sobre Bartra.

O Real sobrevive na Champions e na Liga, mas se perder outra vez ficará com uma cicatriz

O Barça chega à final com o coração na boca, como durante toda a temporada. O caso do Real é outra coisa. Está vivo em todas as competições, mas deve a sua torcida algumas flâmulas, ante um adversário de voo alto. Salvo na semifinal com o Atlético, certificada na ida, não se viu um Real de bote ofensivo ante oponentes ilustres. Sem CR, terá de se aguardar os planos de Ancelotti: ou se guarda com Illarra e adianta Di María ou sai pro jogo de início com Isco. Dito de outra forma, será interessante comprovar se prevalece o cromossomo italiano de Carletto.

Faz tempo que Barça e Real levam a Copa a sério. Sua concorrência desses anos os impede de ceder um milímetro ao outro. Antes, sobretudo os madridistas, enfrentavam-na com verdadeiro desdém. Hoje, bem sabem os dois que é um torneio que mais tira do que dá. Um final entre eles deixa rastros e, desafortunadamente, broncas perecíveis. Desde aquele encontro de 40 anos no qual o Real Madrid vingou os 0 x 5 da Liga ante Cruyff e os seus companheiros, não houve uma final em paz, sem faíscas. Um prato cheio para Del Bosque, que vive estas horas em alerta. Como os barcelonistas, que se veem ante o único analgésico que lhes resta, salvo milagre na Liga. Pendente de uma profunda renovação se a FIFA o indultar, o Barça depende da Copa para enfrentar a transição com mais tranquilidade. Não lhe resta outra alternativa. Na esteira de sua grandeza nas últimas décadas, a Copa não valerá para mascarar suas feridas, mas seria um alívio. O Real tem outras frentes, mas sua irregularidade o coloca em xeque e mais vale uma Copa nas mãos que…

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