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A Blackberry se propõe a deixar de fabricar celulares

O CEO da companhia diz que o prazo para uma decisão será curto. "Perco dinheiro a cada dia"

John Chen, chefe da Blackberry.
John Chen, chefe da Blackberry.MARK BLINCH (REUTERS)

A BlackBerry estuda abandonar seu negócio de fabricação de telefones celulares se continuar acumulando prejuízos.

"Se não posso ganhar dinheiro com os telefones, não vou estar no negócio dos telefones", expressou o CEO John Chen, que, sem dar mais detalhes, assegurou que o prazo para essa decisão ser tomada é curto. Ainda segundo Chen, deveria ser possível ganhar dinheiro vendendo 10 milhões de aparelhos por ano.

Em seu apogeu, em 2011, a BlackBerry vendeu 52,3 milhões de celulares. No último trimestre, mal ingressou na casa dos dois milhões de dólares.

Chen declarou em uma entrevista que a BlackBerry estava se associando com outras empresas de indústrias reguladas, como as do setor previdenciário ou as de serviços financeiros e legais, que precisam de comunicações de alta segurança. "A segurança ficou mais importante para os negócios e o governo em vista das revelações de Edward Snowden sobre a vigilância dos EUA".

Em uma ampla entrevista em Nova York, Chen, que está no comando da empresa desde novembro,  reconheceu erros de gerenciamento e disse que tinha uma estratégia a fim de completar os objetivos de se manter no curto prazo e de frear a deserção de usuários.

"Há de se viver no curto prazo. Talvez a direção anterior tenha se dado ao luxo de apostar em como seria o mundo no futuro. Eu não me posso permitir esse luxo, perco dinheiro a cada dia". Em março, a Blackberry perdeu 423 milhões de dólares, com uma queda nos rendimentos de 64%.

Os planos no longo prazo de Chen incluem competir no negócio de conexão de dispositivos. O CEO não está seguro de quanto tempo falta para que o mundo do M2M (conexão entre máquinas) se converta em um negócio convencional, mas está seguro de que chegará lá.

"Não só estamos interessados no gerenciamento dos dispositivos BlackBerry. Estamos interessados na manipulação de todos os dispositivos que falem com os demais. Para conquistar o nosso sonho de ser um líder no M2M, precisamos nos associar às companhias de telecomunicações".

A BlackBerry demitiu nos últimos três anos cerca de 9.500 empregados, mais da metade de seu plantel. A empresa, pioneira no campo dos smartphones, viu suas fortunas caírem de forma dramática em um lapso de menos de cinco anos. A BlackBerry contava com uma cota de mercado mundial de smartphones de 20% em 2009; agora, não chega a 2%.

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